“Fado em Cidades Históricas” será realizado neste mês em Petrópolis
Evento multicultural gratuito celebra a lusofonia, estreita as margens entre Brasil e Portugal e promove música, história, poesia e gastronomia com encontros inéditos nos dias 18 e 19 de maio, no Palácio de Cristal
O Festival “Fado em Cidades Históricas” chega para promover a lusofonia e conexões criativas com as históricas cidades de Petrópolis e Ouro Preto. O evento promoverá grandes encontros que estreitam vínculos culturais tendo como referência as influências portuguesas, africanas e dos povos originários, com a devida consciência dos fatos, celebrando nossas raízes e memórias, juntando fados, batuques e lundus.
Fazendo uma justa homenagem ao fado, expoente maior da cultura portuguesa, considerado pela UNESCO como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, outros Patrimônios Imateriais, como o chorinho e o samba também farão parte da programação. Em Ouro Preto, o fado se encontra também com a cidade, que é Patrimônio Histórico da Humanidade. Durante os cinco dias de evento, sendo dois deles em Petrópolis, no Palácio de Cristal, a música encontra a poesia, assim como a história, a gastronomia, as manifestações artísticas eruditas e populares e uma exposição sobre o clássico português que dá nome ao festival.
A curadoria é da entusiasta da música e empreendedora cultural Connie Lopes, também idealizadora do consagrado festival Back2Black. O repertório contará com apresentações de convidados, como a fadista contemporânea Ana Moura (foto), uma das mais conhecidas e respeitadas de Portugal pela sua voz única e profunda; a grande artista de interpretação marcante Raquel Tavares; a musicista Marta Pereira da Costa com sua guitarra portuguesa, que se junta em show inédito à violonista Samara Líbano, acompanhada de seu violão de sete cordas.
“É sempre muito emocionante proporcionar um espaço para celebrarmos juntos nossas raízes comuns, promover um diálogo entre diferentes povos e fortalecer os laços da lusofonia”, afirma a idealizadora Connie Lopes.
Em meio a espaços abertos e cenários históricos, a brasilidade ganha destaque com o bandolinista e compositor Hamilton de Holanda; o Clube do Choro de Belo Horizonte; a concertista Rosana Lanzelotte; e as apresentações da Orquestra Maré do Amanhã do Rio de Janeiro e da Orquestra Padre Simões de Ouro Preto, com participações de solistas convidados, como Jessica Areias e Natasha Llerena.
O encontro de línguas portuguesas também contará com a presença do musicólogo português Rui Vieira Nery, além de um “Sarau Decolonial de Poesia”. No atual momento de reavaliação da História e da necessidade de ampliar e diversificar as perspectivas, e honrando a beleza e o legado da literatura portuguesa, será celebrado a força dos versos dissidentes, das vozes divergentes e das visões mais abrangentes.
Para o musicólogo Rui Vieira Nery, no contexto multicultural do Brasil colonial, os ritmos e os padrões de dança africanos combinam-se com as harmonias e as formas
europeias para gerar uma dança cantada de forte sensualidade. Essa música atravessou o Atlântico e se implantou nos bairros populares do porto de Lisboa.
Adornado como nas festas de Portugal, o festival também levará teatros de rua, contação de histórias, feira com quitutes, vinhos e artesanatos, além de oficinas de culinária, azulejos e cerâmicas.
Viagem à gastronomia portuguesa
Em um reflexo histórico de interações culturais, a gastronomia portuguesa carrega influências romanas, árabes, africanas e brasileiras em sua culinária. Entre especiarias, temperos e ingredientes, ‘Fado em Cidades Históricas’ propõe uma viagem de imersão nos sabores tradicionais e contemporâneos da gastronomia lusitana.
Os participantes terão a oportunidade de explorar pratos típicos e os populares quitutes, como o famoso pastel de Belém, e apreciar vinhos tradicionais. Um dos pontos altos do Festival será o workshop de culinária gratuita com a renomada e premiada chef Marlene Vieira sobre a nova e tradicional gastronomia portuguesa. Marlene é considerada a chef feminina número 1 de Portugal, e seu restaurante foi indicado neste ano pelo Guia Michelin.
Saiba mais sobre o fado
No final do século XIX, fora das portas de Lisboa, o fado era ouvido em tavernas simples e desprovidas de luxo onde se misturavam a aristocracia decadente, os pobres, os menos favorecidos e os marginais. A partir de uma base musical formada por três estilos tocados na guitarra, o Menor (muito lento), o Corrido (rápido) e o Mouraria, os cantores improvisavam e criavam novas melodias, que a princípio eram simples variações e inflexões vocais. As palavras podiam nascer da improvisação
do cantador ou da inspiração de alguém no meio do público, que escrevia ali mesmo seus versos na mesma métrica das melodias.