Falta de manutenção esconde beleza de imóveis

16/04/2018 14:50

Quem anda pelo Centro Histórico de Petrópolis fica tão admirado com a beleza de seu conjunto arquitetônico que acaba não percebendo a situação de abandono em que muitos prédios e casarões centenários se encontram. Basta prestar atenção em alguns detalhes para perceber a falta de manutenção no casario. 

Passando pela imponente Avenida Koeler, muitos nem imaginam que por trás das belezas do imponente Palácio Rio Negro há um retrato de abandono. As paredes laterais apresentam infiltrações, rachaduras, e a estrutura das marquises possui com diversas rachaduras. Além disso, as madeiras que as sustentam se encontram em parte consumidas por cupins. No mesmo terreno, a situação dos prédios anexos ao Palácio é ainda pior. 

O chalé, que já foi sede de um órgão público, a Petrotur, deixa à mostra a precariedade de sua situação. Sem muita manutenção estrutural, o prédio recebe apenas a capina e limpeza na parte externa, mas o seu estado de conservação contrasta com as belezas dos jardins. Sobre o telhado, há mato brotando, e esporadicamente despencam pedaços de reboco de sua marquise. Assim como a frente, a parte lateral e os fundos do imóvel revelam as marcas do tempo e da falta de cuidados. Do outro lado do Rio Negro, mais detalhes revelam um outro lado dos prédios históricos da cidade: paredes laterais do anexo onde funciona a sede do Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan), também apresentam marcas de abandono com pequenas rachaduras e marcas da ação do tempo, mas nada comparado ao estado do chalé. 

Construído em 1889 para ser a residência do Barão do Rio Negro, rico comerciante de café, o Palácio foi incorporado pelo Governo Federal em 1903, e desde então recebe presidentes da República em visitas ou férias. O imóvel hoje é um museu dedicado à memória da República em terras imperiais. 

Outro imóvel abandonado 

Também na bucólica região, mais um bem histórico abandonado. Um casarão construído em 1874, com  quase 150 anos de história, se compromete a cada dia mais pelo estado em que se encontra. O imóvel, chamado de Casa Franklin Sampaio, tem janelas e portas quebrados, telhado em ruínas, e paredes deterioradas. Parte da composição de sua fachada histórica já foi até roubada, como alguns pedaços de madeira. Com os portões trancados por correntes já enferrujadas, do lado de fora, o que se vê é apenas uma parte do abandono. A grande preocupação é com sua estrutura. “Essa casa está fechada há anos. Se por fora já está assim, imagina lá dentro? O que deve ter de cobras, aranhas e escorpiões ali dentro não está no gibi. E isso pode acabar prejudicando quem mora no entorno. É uma pena. Uma casa tão linda, num lugar privilegiado. Poderia ser muito bem aproveitado”, disse Júlio César de Castro, 45 anos, que mora próximo ao local. 

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o casarão está fechado há décadas e conta com uma dívida de IPTU que passa dos R$ 72 mil, além de inúmeros processos movidos pelo Ministério Público Federal (MPF). O imóvel, que chegou até a ser sede do governo do Estado entre 1894 e 1897, há um século chegou às mãos da família Sampaio e ainda não tem perspectiva de ser recuperado. 

Um projeto de restauração até chegou a ser foi apresentado por um empreendedor, mas ainda está sendo avaliado pelo Iphan. Além disso, segundo o órgão, o empreendedor está "em busca de patrocínio para a restauração do imóvel".


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