‘Favelado não é bandido’, diz o líder comunitário do Complexo do Alemão

29/10/2022 14:38
Por Roberta Jansen / Estadão

“Favelado não é bandido”. A frase postada ontem à noite nas redes sociais pelo jornalista e líder comunitário René Silva, do Complexo do Alemão, viralizou e acabou chegando à oitava posição entre os assuntos mais comentados no Twitter. Fundador do Voz das Comunidades, Silva fez a postagem depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter ido à comunidade no último dia 12 para se “encontrar com chefes do narcotráfico”. Ele anunciou ainda que pretende processar Bolsonaro.

A acusação do presidente foi feita durante o último debate da campanha presidencial para as eleições deste ano. Bolsonaro afirmou que “ninguém entra na comunidade sem a polícia”, insinuando que seu adversário teria se encontrado com traficantes. A visita de Lula ao Complexo do Alemão foi articulada pelo próprio René Silva. Antes da caminhada pela estrada do Itararé, Lula se reuniu com lideranças do projeto Voz das Comunidades, entre elas, René.

Na visita, Lula foi fotografado usando um boné com a sigla CPX, que significa complexo. Apoiadores de Bolsonaro, no entanto, disseram que a sigla estaria relacionada a facções criminosas locais.

Em entrevista à coluna de Chico Alves, no UOL, René Silva garantiu que pretende processar o presidente. “Vou conversar hoje com advogados para dar início ao processo”, disse. “Dezessete dias após a visita do Lula, ele reafirma que o candidato visitou chefes do tráfico. É inadmissível uma fala dessas vinda do presidente da República.”

O líder comunitário explicou ainda que houve, sim, apoio da Polícia Federal e da Polícia Militar à visita de Lula. “Todo o trajeto por onde o ex-presidente passou foi sugerido por mim e, posteriormente, visitado pela Polícia Federal e pela Polícia Militar”, contou. “A construção dessa agenda não seria possível sem a participação e a contribuição das autoridades competentes. Passamos pela avenida principal, que é a Estrada do Itararé. Aqui, mesmo com a presença do poder paralelo, existe um programa de UPP desde 2010.

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