Fed pode ter de conduzir inflexão ‘hawkish’ na política monetária, diz dirigente

16/11/2021 11:45
Por Gabriel Bueno da Costa / Estadão

Presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de St. Louis, James Bullard argumentou nesta terça-feira que o BC dos Estados Unidos pode ter de conduzir uma inflexão “hawkish” (mais dura), em sua política monetária. Durante entrevista à Bloomberg, ele afirmou que o Fed pode ter de apressar um pouco o processo de redução nas compras de bônus (“tapering”), para um corte nessas compras de US$ 30 bilhões ao mês, encerrando-o no fim do primeiro trimestre de 2022. Ele também mencionou como eventual alternativa uma alta de juros antes do encerramento do tapering.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, mas com voto em 2022, Bullard disse que a inflação “tem estado muito elevada, bem acima de nossa meta” de 2% na média.

Ele considerou que há dois cenários possíveis neste momento: no primeiro, a inflação se dissipará conforme a economia reabre, e neste caso o Fed está em “ótima posição” para lidar com ele. Mas num segundo quadro a inflação se mostraria mais persistente. “Se a inflação não desacelerar como antecipado, caberá a nós responder a isso”, afirmou.

Em seu cenário atual, Bullard disse prever duas altas de juros em 2022, coincidindo com o mercado. Questionado se os juros poderiam subir a 3% ou 4%, ele disse que não projeta que avancem tanto, mencionando que eles poderiam ficar no mesmo nível do pré-pandemia.

Bullard afirmou ainda que é possível argumentar que o tapering do Fed já esteja totalmente precificado pelos mercados, sem risco assim de um grande movimento de realocação de recursos como ocorrido no chamado “taper tantrum” de 2013.

O dirigente foi questionado sobre a possibilidade de mudança no comando do Fed, em uma disputa que estaria entre a diretora Lael Brainard e o atual presidente, Jerome Powell.

Segundo Bullard, de qualquer modo a marca da próxima gestão deve ser de “muita continuidade” no BC americano. Ele lembrou que a decisão de política monetária é tomada em conjunto, por vários dirigentes, mas que cabe ao presidente “guiar” esse processo.

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