Festival de Rio Preto aposta no reencontro com o público

24/07/2022 08:15
Por Bruno Cavalcanti, especial para AE / Estadão

O Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto retomou na quinta-feira, 21, suas atividades após dois anos de suspensão por causa da pandemia do coronavírus.

Celebrando a retomada do mercado teatral e as produções que chegaram aos palcos como forma de resistência ao desmonte das instituições culturais, o festival apresenta uma programação com nada menos do que 31 obras distribuídas ao longo de nove dias de atividades.

Um dos espetáculos mais aguardados é Camilo, montagem encenada pelo colombiano Teatro La Candelaria, que narra a trajetória de Camilo Torres Restrepo, revolucionário padre colombiano que criou o conceito da Teologia da Libertação. Sociólogo e professor, Restrepo tem sua história recontada por documentos, escritos que publicou em vida (além de obras póstumas), e relatos de companheiros.

“O mito de Camilo nos interessou por ser uma personagem muito rica, complexa, um homem da classe burguesa que decidiu lutar pelos pobres. Foi um católico que optou pela luta armada como maneira de acabar com a opressão. Cantava, era alegre, transcendental, tinha muitas ideias profundas sobre a existência. Foi um grande personagem colombiano”, conceitua Cesar Badilho, diretor do Candelária.

Com uma programação voltada para o reencontro do público com o espaço cênico, o FIT Rio Preto optou por não abraçar obras digitais, buscando promover uma experiência de reconexão com protocolos sanitários rígidos.

PENSAMENTO COLETIVO. Assistente técnica de teatro da Gerência de Ação Cultural do Sesc SP, e uma das curadoras do FIT, Adriana Macedo sublinha que a curadoria se empenhou em dar voz aos anseios da sociedade por meio das propostas inscritas para a edição.

“O festival é fruto do pensamento coletivo dessas companhias que submetem seus trabalhos”, disse Adriana. “O que observamos nesta edição é que as pautas identitárias, que discutem questões como raça, gênero, violência contra a mulher, guerra e regimes totalitários, estão entre os temas mais frequentes propostos”, explica.

“Coube à curadoria dar espaço a essas pautas coletivas presentes no pensamento do teatro contemporâneo nacional e internacional, mas sem deixar de lado as questões poéticas e estéticas das obras. A política, enquanto exercício coletivo da cidadania, aparece nessas discussões, que não trazem necessariamente nenhum apelo partidário ou panfletário. O teatro que será visto em Rio Preto é o teatro do presente, reflexo dos nossos tempos”, finaliza.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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