Fim das charretes com tração animal é comemorado no Centro Histórico
Cerca de cem pessoas se reuniram no Centro Histórico de Petrópolis, no último domingo (31), para comemorar o decreto municipal nº 702, que determinou o fim do serviço de charretes (vitórias) por tração animal.
Os manifestantes se reuniram com cartazes e faixas com mensagens sobre proteção e defesa dos animais. Participaram representantes de vários grupos de proteção animal e amigos da causa. A manifestação começou na Praça da Liberdade e passou pela Avenida Koeller. Os participantes ainda fizeram um ato com balões e cartazes na Rua da Imperatriz, onde ficava o ponto das charretes. E seguiram até a Praça Dom Pedro II.
Na última sexta-feira, o prefeito Bernardo Rossi publicou um decreto no Diário Oficial determinando a data fim para tração animal no município. Segundo a Prefeitura, a Secretaria de Assistência Social cadastrou todas as 15 famílias – 48 pessoas – que fazem parte do grupo de charreteiros e está estudando individualmente as possibilidades de empregabilidade de acordo com cada família.
Também está sendo elaborado o termo de referência obrigatório para o edital de licitação para as charretes elétricas. Outras maneiras de oferecer o serviço, sem a utilização dos animais, também estão sendo analisadas, segundo a Prefeitura.
O gráfico Glauco Medeiros, estava passando pela Praça Dom Pedro II, no último domingo durante a manifestação a favor do fim das charretes por tração animal. Segundo ele, questionou alguns participantes sobre qual seria o destino dos cavalos a partir de agora, e contou que foi hostilizado. “Foi por curiosidade que perguntei, e gritaram comigo, quase me enxotaram do lugar. Um homem ainda tentou amenizar a situação e falou que os cavalos vão para um santuário. Mas não souberam dizer nem onde é. Quando insisti com as perguntas foram mais agressivos ainda”, relatou o homem.
Para Glauco, o serviço não deveria ter sido extinto. “Deveriam ter melhorado o serviço, colocado um abrigo, uma baia para os animais. As charretes eram um cartão de visita de Petrópolis. Agora quem vai sustentar esses animais, os charreteiros já tem que sustentar as famílias, como vão cuidar desses cavalos sem renda?”, questionou indignado.
O sentimento de incerteza também paira entre os charreteiros. O charreteiro Carlos Pitzer disse que não há perspectiva nenhuma de que algo seja resolvido. Em um encontro que aconteceu ontem, entre membros da Prefeitura e charreteiros, Carlos contou que não deram nenhuma posição concreta. Chegaram a levantar a hipótese de empregar os charreteiros em outro setor, mas que o desejo do grupo seria continuar no turismo. “Nós fizemos cursos de capacitação para trabalhar nas charretes, para contar sobre Petrópolis. O ideal é que fossemos empregados no turismo”, disse.
Carlos tem 56 anos, há 35 trabalhava nas charretes. E a partir de agora, ele disse que não sabe o que fará. “Meus cavalos não tem preço, como vou me desfazer? Estou aqui a minha vida toda”, lamentou.
Sem as charretes, quem toma conta do ponto são os flanelinhas
Já nesta segunda-feira (1), as vagas para as treze charretes que ficavam na Rua da Imperatriz, foram ocupadas por flanelinhas. A equipe de reportagem da Tribuna, flagrou pelo menos três pessoas tomando conta do local. Embora a escolha pelo fim do serviço tenha sido feita há cinco meses, muitos petropolitanos não concordam com o resultado da consulta e temem pela segurança dos animais e o futuro dos charreteiros.