Fitch fala em recessão da zona do euro com interrupção repentina de gás russo
Uma interrupção repentina na oferta de gás pela Rússia “provavelmente” empurraria a zona do euro para uma recessão econômica, avalia a Fitch Ratings. “As exposições são tão grandes que uma cessação imediata e total do fornecimento de gás natural russo resultaria em escassez e racionamento de gás, causando um grande choque macroeconômico”, afirma a agência de risco em relatório divulgado nesta quinta-feira, 19.
Há dois meses, a previsão da Fitch era de crescimento de 2,3% no Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro em 2023. Com os acontecimentos recentes, porém, há riscos negativos. Um racionamento de gás deve levar a região à recessão no final deste ano ou início do próximo, projetam analistas.
No longo prazo, seria possível substituir a oferta russa perdida por outros fornecedores de gás e energia. No entanto, um corte imediato nas importações russas seria “praticamente impossível” de ser compensado no curto prazo, acredita a Fitch. A agência alerta para o risco crescente e significativo de tal ocorrência, dada a continuidade da guerra na Ucrânia, e observa que a alta nos preços de energia neste cenário intensificaria as pressões inflacionárias e reduziria a renda real na região.
A Fitch destaca que a União Europeia depende das importações líquidas para fornecer 84% do seu consumo doméstico de gás. “Com 38% das importações de gás da UE provenientes da Rússia, estimamos que cerca de 30% do consumo doméstico de gás na UE e na zona do euro foi fornecido pela Rússia. Para a Alemanha, o número é o dobro, em 60%”.
Com base em estimativas recentes o Banco Central Europeu (BCE), a agência de risco busca estimar o impacto nas cadeias de fornecimento. “As estimativas do BCE usam uma estrutura de entrada-saída das contas nacionais e sugerem que o PIB da zona do euro cairia 0,7% se a oferta de gás diminuir 10%. Uma perda de 30% no fornecimento de gás se traduziria, portanto, em um declínio de 2% no PIB da zona do euro. Para a Alemanha, a perda do fornecimento de gás russo implicaria uma queda do PIB de cerca de 4%.”