Flipetrópolis recebe lançamento do livro “Cartas que Falam: Ensaios sobre Epistolografia”, de Leandro Garcia, na programação local deste sábado

Por Aghata Paredes


Neste sábado (04), às 10h, o Palácio de Cristal, em Petrópolis, receberá o lançamento do livro “Cartas que Falam: Ensaios sobre Epistolografia”, da Editora Relicário, durante o 1º Festival Literário Internacional da cidade. Escrita pelo professor e pesquisador Leandro Garcia Rodrigues, a obra é uma coletânea de ensaios e artigos teóricos sobre a pesquisa e troca de correspondências entre grandes intelectuais, como Mário de Andrade, Alceu Amoroso Lima, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Lúcio Cardoso, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, entre outros. “Cartas que falam” também é um balanço da longeva carreira de Garcia como professor universitário e pesquisador, e celebra, portanto, mais de 20 anos de trabalho e pesquisa no Ensino Superior de Letras.

“Lançá-lo aqui em Petrópolis é compartilhar com amigos e familiares destes 25 anos de pesquisa em arquivos, inclusive, muitas dessas pesquisas foram em arquivos da cidade, especialmente o de Alceu Amoroso Lima, na Rua Mosela. Então, é compartilhar com todos um pouco do que os arquivos petropolitanos têm a oferecer”, conta. 

Foto: Divulgação

De escritor a pesquisador

Quando adolescente, o autor já dava sinais de que iria, no futuro, se debruçar sobre o universo das correspondências e da epistolografia. Participando ativamente de diversos “clubes de correspondência”, nos quais trocava cartas com pessoas de diferentes regiões do Brasil e até mesmo do exterior, Leandro Garcia já demonstrava um interesse precoce pelo ato de escrever e receber cartas. “Isso era muito comum no mundo pré-internet. Assim, comecei como escritor de cartas e depois passei a ser pesquisador delas, quando estas já tinham desaparecido do nosso meio”, relembra. 

Ao ser questionado sobre o processo de compilação dos ensaios e artigos teóricos presentes na coletânea, o pesquisador destaca sua paixão pela epistolografia e seu compromisso em fortalecer os estudos literários brasileiros, especialmente nessa área de interesse. “A carta é um laboratório de criação literária! Nas correspondências entre escritores, ela é usada para pensar a obra, ou seja, é uma espécie de “lado B” da obra, espaço para o debate dos rumos e caminhos da criação artística entre os correspondentes. Nisso, descobre-se muita coisa: os bastidores da criação. Acho que ele [o livro] será uma fonte de teorias do gênero epistolar, pois são todos textos teóricos e isso será uma grande contribuição aos Estudos Literários. Tenho uma outra imensa quantidade de textos sobre outros assuntos, mas Epistolografia é minha principal área de interesse. Esses artigos refletem não apenas esta minha paixão, mas também um compromisso em querer fortalecer essa área dos Estudos Literários Brasileiros, e estamos conseguindo criar uma tradição brasileira dos estudos epistolográficos”, explica. 

Quanto aos planos para o futuro, sua dedicação à pesquisa e contribuição para o campo dos Estudos Literários permanecem firmes. Atualmente, Leandro Garcia está imerso na organização da correspondência entre Dom Pedro II e os escritores franceses do século XIX, um projeto que está sendo desenvolvido como parte de seu pós-doutorado na Sorbonne, em Paris. “Espero publicar no ano que vem, aquando do bicentenário de nascimento do nosso imperador”, conclui.

Foto: Divulgação

Sobre o autor

Leandro Garcia Rodrigues, nascido no Rio de Janeiro em 1976 e residente em Petrópolis, é autor de diversos livros. Além de presidente da Academia Petropolitana de Letras, é professor na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e possui pós-doutorado em Estudos Literários pela PUC-Rio. Suas pesquisas abordam temas como epistolografia, escrita, literatura e cultura.

Mais sobre “Cartas que falam: estudos sobre epistolografia”

“Cartas que falam: Ensaios sobre epistolografia” é o primeiro livro brasileiro a tratar de  teorias do gênero epistolar. O professor e pesquisador Leandro Garcia Rodrigues destrincha  as inúmeras possibilidades de “entrelugar” da carta, seja como sujeito – em que a carta  assume posição protagonista como significante ativo e determinante de análise de si –, seja  como objeto – cujo documento é ferramenta para se compreender vidas de autores e  pintores de determinada época da vida literária e artística brasileira. 

“Escrevo pelo prazer de receber a resposta” – certamente, este é um dos maiores prazeres de quem escreve e recebe cartas, uma sensação que cada vez mais se apaga da nossa memória, considerando a escassez da troca missivista hoje em dia, época marcada pelas diferentes revoluções tecnológicas que empurram as comunicações para os toques de segundos, numa velocidade comunicativa nunca antes vista que, se de um lado gera a rapidez e a presteza dos contatos, do outro gera o desconforto da impessoalidade e da falta de sentimentos materialmente trocados nos envelopes e nos papéis de carta, já que muitos eram desenhados, perfumados, bricolados e decorados segundo o sentimento que se queria compartilhar. […] a carta é um discurso dos ausentes, e a correspondência se alimenta dessas ausências. Escreve-se uma carta não apenas para não se sentir só, mas também para não se acreditar ser uma pessoa tão solitária. A carta é uma estratégia pertinente para se preencherem tais lacunas, os vazios ontológicos com os quais vivemos – uns mais, outros menos – ao longo da vida.”

Cartas que Falam: Ensaios sobre Epistolografia, Editora Relicário (p. 21-22)

Sobre o Flipetrópolis

O 1º Festival Literário Internacional de Petrópolis recebe diversos escritores locais, nacionais e internacionais, movimentando diferentes cenas da produção literária, além de fomentar a educação, o acesso à arte – em suas mais variadas formas – e a inclusão. O evento, que começou nessa quarta-feira (1º), segue até domingo (05), com entrada gratuita e uma vasta programação para todas as idades. Para conferir a programação completa acesse o site oficial do evento.

Últimas