Fogos e trovões: como proteger os animais no fim de ano?

11/12/2020 16:43

Fim de ano chegando é sinônimo de preocupação para muitas pessoas. Nesta época, são intensificados barulhos, como fogos de artifício, que podem provocar diversos problemas para enfermos, portadores de deficiência, idosos e animais. Os bichinhos de estimação também se amedrontam com outro fenômeno típico da época: as sonoras trovoadas das chuvas de verão. 

Segundo a médica veterinária Priscila Mesiano, que atua em uma clínica de Petrópolis, os animais possuem capacidade auditiva muito superior à nossa. Por isso, sentem tanto incômodo com artefatos utilizados nas celebrações. “Cães, gatos e até silvestres sofrem com o problema, mas enquanto gatos ficam quietinhos, cachorros  começam a tremer, ficam nervosos e procuram um lugar para se esconder”, avalia. 

A jornalista Luciane Fortunatto possui três animais e procura estar sempre com eles neste período. “Nestas horas de maior aflição para o bichinho, não consigo deixá-los sozinhos, passo a virada do ano em casa,  enquanto eles ficam escondidos embaixo da cama, com luz baixa e música ambiente tranquila”, relata. 

Este comportamento da proprietária é considerado  ideal para Priscila: “Além de evitar utilizar os artefatos e permanecer com os animais no interior da residência, é importante não confirmar o medo do peludo, digo, se o responsável percebe o sentimento no animal, não deve acariciá-lo neste momento”, ressalta a profissional, que orienta donos a deixarem nome e telefone em plaquinhas de identificação ou até mesmo escrito a caneta nas coleiras de cães e gatos, pois a agitação causada pelos fogos, somada ao entra e sai das visitas, costuma ser grande motivo de fugas. Também é fundamental não deixá-los acorrentados, pois podem se enforcar, provocando a morte do animal. 

Outra técnica que pode ser utilizada é a de dessensibilização sonora sistemática. Consiste em trabalhar com um aplicativo como o Fireworks 2020 que simula estampidos de fogos e uma caixinha de som via bluetooth. Aos poucos e gradativamente, coloca-se o barulho perto dos cães do nível 1 ao nível 10, sendo a cada dois dias um nível, variando também os tipos de fogos. Ao fazer o exercício, observar se o animal está se acostumando ou não e aí vai se limitar ou não o volume do aplicativo. A dica é importante para dessensibilizar o animal diante destes sons. Além disso, é fácil e não há custos extras. 

Para a protetora Virgínia Pereira do projeto Somos Todos Protetores, às pessoas devem se precaver contra os fogos, mesmo com a lei antifogos sancionada em março no município. “É preciso continuar protegendo os animais dentro de casa do barulho dos fogos porque a lei foi sancionada, mas não foi regulamentada. Não existe quem vai fiscalizar. Não existe multa. Não existe nada. Infelizmente, temos tão pouco para festejar, mas as pessoas vão continuar usando o artefato. Eu aconselho que as pessoas, em vez de gastar com fogos de artifício, doem ração ou ajudem um grupo de proteção que é muito melhor”, sugere. 

No caso de pessoas que precisam estar ausentes, o recomendado é separar os animais com temperamento dominante, desde que não seja em ambientes com objetos cortantes à disposição, como a cozinha, por exemplo, já que o animal acuado e agitado pode fazer algo cair, provocando ferimentos. 

Infelizmente, existem casos que o sofrimento do animal é tão extremo que eles podem vir a óbito, não só por ferimento, brigas e enforcamento, como também por parada cardíaca. Por isso, a profissional ressalta ainda a adoção de outros hábitos para proteger os animais. Evitar a aglomeração de muitos animais que podem brigar pelo stress e levar a graves consequências. Colocar seu animal em cômodo seguro, com portas e janelas fechadas. Se possível colocar rádio ou tv ligada em programação calma. Deixar o ambiente em meia luz. Dar alimentação leve, para evitar distúrbios estomacais.  

É importante não ceder à tentação de oferecer comidas natalinas ao animal, já que os doces típicos podem causar insuficiência renal e as carnes tendem a provocar vômito e diarreia.  Colocar cobertores ou edredons nas portas e janelas para abafar o som dos fogos. Se o animal permitir, colocar algodão nos ouvidos. 

No caso de aves, cobrir as gaiolas. Para gatos, procurar promover esconderijos seguros, como caixas de papelão, guarda roupas, entre outros.   

Para amenizar o estresse, também é possível ministrar florais para medo, ansiolíticos ou fitoterápicos. “Ainda há tempo de proteger o animal, realizando um tratamento por 15 a 20 dias antes do evento, por meio de uma avaliação clínica para indicar o melhor medicamento”, alerta Priscila, acrescentando ser válido  procurar um especialista em comportamento animal, como adestradores, caso a ansiedade ou o medo sejam crônicos. A médica veterinária complementa: “Quando o animal têm muita fobia e fica muito ansioso, a gente receita medicação contínua para evitar acidentes”, finaliza

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