Fortalecimento dos músculos é fundamental na terceira idade
Os exercícios regulares são muito importantes. Isso muita gente já sabe, mas a partir dos 60 eles são imprescindíveis. Isso porque nesta idade a perda de massa magra e óssea começa a se acentuar, e as atividades físicas aparecem como ferramenta para evitar doenças e possíveis quedas. Ter uma vida ativa e investir em treinos na terceira idade é um dos segredos para conseguir uma vida melhor e mais longa. Além disso, uma atenção especial ao fortalecimento dos membros superiores também é fundamental, segundo o professor de educação física, e doutor em Biociências Estevão Scudese.
Afinal, é com braços e mãos que realizamos a maioria das tarefas diárias, e muitos idosos sofrem com falta de força e resistência nos membros superiores, principalmente os que sofrem com artrite e artrose. “Já está bem estabelecido que o exercício tem um papel terapêutico para estes casos. No entanto, não podemos, em hipótese alguma, negligenciar as demais partes do corpo, como o tronco e os membros inferiores. Temos que pensar sempre como um todo, por isso a importância de um acompanhamento profissional. É o professor que vai identificar as necessidades deste idoso e elaborar um programa de treinamentos adequado”, explicou o especialista.
Toda a nossa locomoção se dá através do sistema musculoesquelético, portanto, quanto mais fortes os músculos e ossos estão, mais independente e confiante o idoso estará para realizar as tarefas diárias, diminuindo o risco de quedas, que é uma das maiores preocupações com a população idosa. “O que ocorre com esta população é que haverá um gradual decréscimo da força, massa muscular e óssea com o tempo. A boa notícia é que o exercício regular, mais especificamente o treinamento de força (musculação), pode minimizar estes processos e, em grande parte, até reverter em determinado grau”, disse.
Uma dica para este público é que ao menos três modalidades de exercícios estejam inclusos na rotina. São eles: de força (musculação), exercícios cardiorrespiratórios (caminhada, corrida, bicicleta ergométrica, natação, hidroginástica) e exercícios de flexibilidade (aulas de alongamento, yoga, e tai-chi).
É importante ressaltar ainda que exercícios físicos são importantes para todas as idades. O exercício tem o potencial de aprimorar as valências físicas, como a aptidão cardiorrespiratória, força e resistência muscular, flexibilidade e equilíbrio em todas as idades. O que acontece com o envelhecimento é que essas funções vão se perdendo com o avanço da idade, portanto, a melhora destes parâmetros tem grande impacto na população idosa. “Um exemplo prático seria a melhora da flexibilidade, que pode ser a diferença entre conseguir calçar um sapato ou depender de alguém. Já para uma pessoa jovem, uma variação desta valência, embora podendo ser ainda maior, em geral, não surte tanto impacto prático”, afirmou.
Porque se exercitar
Os benefícios são inúmeros. Mas é preciso lembrar que o ser humano foi "projetado" para se mover. Pportanto, qualquer hábito que fuja disso se torna altamente artificial. Um exemplo disto são os períodos de permanência dos astronautas em estações espaciais. Lá eles ficam expostos à microgravidade, com pouquíssima ação da gravidade sobre as estruturas corporais, o que torna o ambiente extremamente artificial. Como resultado, os ossos e músculos ficam cada vez mais fracos, aliados a uma série de outros problemas de saúde.
“Podemos traçar um paralelo entre esta situação e hábitos sedentários na Terra. Toda vez que deixamos de exigir de nosso sistema músculo-esquelético, todo o corpo paga a conta. Invertendo a lógica, quando nos exercitamos, colocamos a nossa máquina para trabalhar e a preparamos para eventuais intempéries ambientais futuras, nos tornando mais fortes e hábeis. Neste sentido, o exercício regular tem não somente um papel preventivo mas também terapêutico”, concluiu Estevão Scudese.