*Matéria atualizada às 15h40 para inclusão do posicionamento da Prefeitura
Funcionários dos hospitais Santa Mônica e Nossa Senhora Aparecida, em Petrópolis, relataram à Tribuna de Petrópolis que não recebem salário desde novembro do último ano. Além disso, familiares de pacientes internados nestas unidades denunciam a falta de medicamentos e outros suprimentos básicos.
De acordo com uma das funcionárias, que preferiu não se identificar, a situação está tão complicada que faltam funcionários no hospital e alguns estão passando por necessidade em casa. “O pagamento era feito no mês, mas de forma parcelada. Há uns meses atrás o problema se agravou. Estamos para receber o salário de novembro, dezembro, janeiro e agora entra o de fevereiro. A única satisfação que temos quando perguntamos é que falta uma assinatura para recebermos o valor.”, relata.
Em uma reunião realizada no dia 16 de janeiro, o administrador dos dois hospitais, Alexandre Pessurno, alegou que pagaria os meses em atraso. No entanto, segundo funcionários, isso não aconteceu. Na ocasião, também foi informado que os hospitais possuem o recurso, mas que dependem de uma série de fatores para recebê-lo e que o judiciário entrou em recesso. Supostamente, por esse motivo, a situação dos atrasos salariais não foi regularizada no fim do ano. No entanto, até agora os funcionários aguardam os pagamentos.
Uma outra colaboradora, que também preferiu não se identificar, conta que trabalhava nos dois hospitais. Segundo ela, as internações no Hospital Santa Mônica estão bloqueadas por falta de material e medicação. Em fevereiro, eram seis pacientes internados na unidade de saúde.
“A estrutura do hospital é ótima. Os funcionários são muito bons também. O problema é que não tem remédio e aí não tem como internar, os médicos bloqueiam.”, conta a ex-funcionária.
Familiares relatam medo de que pacientes não recebam o tratamento adequado
Segundo a família de uma paciente internada no Hospital Santa Mônica, foi solicitado que fraldas fossem levadas à internação e que os familiares ficassem atentos aos suprimentos que estivessem faltando.
O problema não se restringe somente ao atraso dos pagamentos. Ainda de acordo com a mesma família, os técnicos e funcionários em geral dos hospitais só possuem carteira de trabalho assinada porque o Ministério do Trabalho realizou uma fiscalização nas unidades e viram que muitas pessoas não tinham carteira assinada.
Com os salários há quatro meses atrasados, muitos funcionários estão parando de trabalhar. Por esse motivo, hoje o hospital sofre com a falta de equipes. “Muitas vezes os pacientes acamados ficam sem banho. A troca de fralda acaba não acontecendo nos intervalos que precisam acontecer porque não tem técnicos o suficiente.”, relata outra familiar.
Além disso, familiares contam que faltam todos os tipos de insumos possíveis dentro das unidades, como luva, máscara, fralda e álcool em gel. Recentemente, segundo eles, faltaram remédios, além de roupas de banho e cama.
Embora os hospitais sejam privados, as unidades recebem recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
O que dizem os citados
Entramos em contato com os hospitais, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria.
A Prefeitura de Petrópolis, por meio da Secretaria de Saúde, informou que os repasses às unidades encontram-se regularizados. O último pagamento foi realizado em 24/02/2023 referente ao complemento do mês de janeiro/23 no valor de R$ 32.000,00 ao Hospital Santa Mônica. Entre os dias 18 de dezembro de 2021 e 24 de fevereiro de 2023 foi repassado um total de R$ 6.935.657,20 ao Hospital Santa Mônica e R$ 20.770.790,37 ao Hospital Nossa Senhora Aparecida. Desses valores, um total de R$ 9.029.970,76 foi repassado a esses dois Hospitais no período de outubro de 2022 a 24/02/2023.