Fundação bienal anuncia artistas brasileiros que estarão na bienal de Veneza

01/11/2023 08:09
Por Redação O Estado de S. Paulo / Estadão

Em 2024, o Brasil estará na Bienal de Veneza como um território indígena. A Fundação Bienal de São Paulo anunciou nesta quarta-feira, 1º, a exposição Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam, de Glicéria Tupinambá e convidados, com curadoria de Arissana Pataxó, Denilson Baniwa e Gustavo Caboco Wapichana, como participante da 60ª edição da mostra. Além disso, o Pavilhão do Brasil será renomeado para Pavilhão Hãhãwpuá.

Vencedora do Prêmio PIPA 2023, a artista Glicéria Tupinambá, também conhecida como Célia Tupinambá, lidera a representação do Brasil na 60ª Bienal de Veneza, ao lado de sua comunidade e outros convidados que ainda serão anunciados, trazendo a riqueza da cultura Tupinambá e sua jornada de resistência ao longo dos séculos no País.

O título Ka’a Pûera faz alusão a duas interpretações interligadas. Em primeiro lugar, se refere às antigas florestas desmatadas pelos Tupinambá para o cultivo agrícola, que posteriormente se regeneram. A capoeira é também conhecida pelos Tupinambá como uma pequena ave que vive em florestas densas, camuflando-se no ambiente.

A exposição aborda questões de marginalização, desterritorialização e violação dos direitos territoriais, convidando à reflexão sobre resistência e a essência compartilhada da humanidade, pássaros, memória e natureza.

Pavilhão Hãhãwpuá

A ideia de renomear o pavilhão para Hãhãwpuá localiza o Brasil como território indígena, com “Hãhãw” significando “terra” na língua patxohã. O nome “Hãhãwpuá” é usado pelos Pataxó para se referirem ao território que, antes da colonização, era conhecido como Brasil, mas que já teve muitos outros nomes.

A participação do Pavilhão Hãhãwpuá na 60ª Bienal de Veneza está alinhada com o tema Foreigners Everywhere. A exposição destaca a memória da floresta, da capoeira e dos pássaros camuflados como uma metáfora das lutas dos povos indígenas brasileiros e suas estratégias de ressurgimento e resistência. A artista Glicéria Tupinambá, representante de seu povo, traz a perspectiva de Foreigners Everywhere para a realidade dos povos indígenas do Brasil, cuja história inclui séculos de marginalização em seu próprio território.

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