Gestantes se protegem como podem contra a Zika

28/02/2016 09:00

União e estados vêm trabalhando intensamente para tentar controlar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti e, consequentemente, frear as epidemias de dengue e do Zika vírus. Em Petrópolis, a situação não é diferente e não menos preocupante. Hoje, cerca de 25 gestantes da cidade estão sendo monitoradas sob a suspeita de estarem contaminadas com o Zika.

A grande preocupação no momento é a relação da doença com a ocorrência da microcefalia, doença congênita que causa graves problemas neurológicos em bebês. A notícia sobre os casos de gestantes possivelmente contaminadas foi divulgada no último balanço do Conselho Municipal de Saúde, da última semana. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, nenhuma das mulheres está internada no momento e todas estão fazendo o acompanhamento pré-natal normalmente em consultórios particulares e unidades da rede pública de saúde. 

A secretaria lembra que a microcefalia não é uma patologia antiga e que pode ter outras causas além da infecção pelo Zika vírus. Toda a rede pública de saúde tem capacidade de atender os bebês que nascem com a doença. A preocupação, neste momento, é com o possível aumento de casos, uma vez que os cientistas ainda estudam as possíveis consequências do Zika vírus.

Diante da realidade atual, a rede municipal de saúde está seguindo o protocolo estipulado pelo Ministério da Saúde para atender as crianças que, possivelmente, venham a ser vítimas de sequelas causadas pelo Zika. De acordo com a prefeitura, a rede conta com neuropediatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e pediatras que podem acompanhar esses bebês, além de disponibilizar de exames para a detecção da microcefalia (ultrassom e tomografia).

A grande dúvida das gestantes no momento é como se proteger contra as picadas do mosquito. Os repelentes já são produtos escassos nas farmácias. Grávida de seis meses, a bancária Natália Thomaz, de 31 anos está muito apreensiva. Ela conta que como não pode usar qualquer repelente, tem feito de tudo para preservar a sua saúde e a do bebê que espera. "O pior é a falta de repelente na cidade. Está um caos total. Faço o impossível pra me proteger e a minha bebê, mas agora chegou uma fase que só Deus pode ser conosco", comenta. Os repelentes especiais para as gestantes, como o Exposis, sumiram das prateleiras e há lista de espera para a compra.


Autoridades não conseguem dimensionar a epidemia 

O ministro da Saúde, Marcelo de Castro, afirmou ontem que é impossível estimar quantas pessoas terão o vírus Zika no Brasil este ano. Marcelo Castro lembrou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) previu uma pandemia de zika nas Américas, com exceção do Chile e do Canadá, por causa do clima, e que isso poderia resultar em 4 milhões de pessoas infectadas.

“Desses 4 milhões, 1,5 milhão de casos seriam só no Brasil. É uma previsão que precisamos respeitar. Hoje, já são 29 os países das Américas que têm o vírus circulando e contaminando as pessoas de forma autóctone”, disse o ministro, depois de visitar o Hospital Municipal de Vila Catarina, na zona sul da capital paulista.

Castro destacou ainda que, na semana passada, teve início a terceira etapa de ensaios clínicos para elaboração da vacina contra os quatro sorotipos de dengue. Essa é a última etapa, na qual são feitos testes em um grupo de 17 mil voluntários de 14 centros do país.

“É uma aposta muito grande que estamos fazendo. Se forem confirmados os dados iniciais, poderemos ter uma vacina revolucionária, que poderá ser aplicada não só no Brasil, mas no mundo inteiro.”

Ele informou que o Ministério da Saúde já distribuiu kits de diagnóstico preciso da dengue e agora está entregando kits semelhantes para o vírus Zika. “Distribuímos os testes, e pelo menos 24 laboratórios centrais do país e mais quatro de referência já estão fazendo os testes. A partir do próximo mês, vamos adquirir kits que foram desenvolvidos pela Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz) que vão dar o resultado imediato das três doenças."


Brasileiros e americanos estudarão a microcefalia 

Sessenta municípios da Paraíba receberão visitas de pesquisadores, durante a condução de estudo que investiga a relação entre o vírus Zika e a microcefalia. De acordo com o Ministério da Saúde, o trabalho de campo começou esta semana e envolve representantes da pasta, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças Transmissíveis dos Estados Unidos  e do governo do estado.

Segundo o ministério, os pesquisadores têm como objetivo buscar informações robustas sobre a relação do vírus Zika com a microcefalia. Entre os municípios selecionados para participar do estudo estão João Pessoa, Campina Grande, Patos e suas respectivas regiões metropolitanas.

A previsão é que, durante quase dois meses, oito equipes investiguem a proporção de recém-nascidos com microcefalia possivelmente associada ao Zika, além do risco da infecção pelo vírus.

Serão estudadas aproximadamente 170 crianças que nasceram com a malformação desde outubro de 2015. Para cada uma delas, serão examinadas de duas a três crianças da mesma região que não nasceram com o problema.

A proposta, de acordo com o ministério, é que, a partir da comparação desses casos, seja possível estimar o risco apresentado pela infecção e confirmar se há uma relação entre o vírus Zika e a microcefalia.

Pesquisadores americanos investigam se outros agentes infecciosos podem estar relacionados aos casos de malformação congênita em bebês.

O estudo é composto por um questionário com perguntas relacionadas à gestação, possíveis sinais e sintomas apresentados pela mulher durante o período e perguntas relacionadas ao nascimento da criança. Amostras de sangue das mães e de seus bebês serão examinadas pelo laboratório americano.

Dados do último boletim epidemiológico apontam a Paraíba como o segundo estado com maior número de casos suspeitos de microcefalia possivelmente associada ao Zika no país. São 790 casos notificados, sendo 59 confirmados para a malformação, 291 descartados e 440 em investigação.

Em todo o Brasil, 4.107 casos suspeitos estão em investigação. Entre outubro de 2015 e fevereiro deste ano, o país registrou 5.640 casos, sendo 950 deles descartados.

Até o momento, 583 notificações foram confirmadas para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita, em 235 municípios de 16 unidades da federação (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Rondônia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul). Destes, 67 tiveram confirmação laboratorial para o vírus Zika.


Aedes e pernilongo: conheça as diferenças 

Em tempos de preocupação com o vírus Zika, dengue e chikungunya, que podem ser transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, muitas pessoas se assustam ao encontrarem os pernilongos normais. O mais conhecido é um inseto do gênero Culex e é diferente dos do gênero Aedes em cor, comportamento, tamanho, entre outros aspectos.

Apesar de falarmos em milímetros de tamanho, é possível diferenciar os dois e ter uma noite mais tranquila. O pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), José Bento Ribeiro, em curso para o instituto, destacou algumas dessas diferenças.

O mosquito Aedes aegypiti tem hábitos diurnos, mas é oportunista e a fêmea pode picar à noite caso tenha alguma chance. Já o pernilongo, além de voar alto e fazer um zunido, sai para se alimentar à noite. Além disso, o mosquito Aedes aegypiti costuma voar abaixo de 1,2 metro e, por isso, pica mais pés, perna e joelhos, e tem uma picada indolor. 


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