Giro da Tribuna: o prejuízo financeiro do esporte de Petrópolis em 2020

01/06/2020 14:18

A pandemia global trouxe prejuízos seríssimos à maioria dos segmentos econômicos. A indústria do esporte foi uma delas. O isolamento social impediu que os principais agentes econômicos de Petrópolis pudessem iniciar a contabilização das perdas e é praticamente impossível dar números exatos sobre a extensão dos danos, algo que devemos saber com maior exatidão ao longo do segundo semestre.

Metade do ano se foi. E com apenas três meses do início do decreto municipal que impôs a quarentena, os segmentos esportivos foram interrompendo suas atividades. Escolinhas, clubes, academias, eventos ao ar livre e indoor – e tudo mais associado a essa indústria – viram suas projeções para este ano caírem por terra. E o que é pior: a maior parte não tem a menor ideia de quando poderão retomar seus trabalhos, já que o plano de reativação econômica, do prefeito Bernardo Rossi, jogou um balde de água fria em setores que sonhavam, ao menos, ter um prazo para retornarem.

Um desses setores é o de academias. Com mais de 200 estabelecimentos no município, empregam mais de mil pessoas e movimentam próximo ao milhão todos os anos. Mesmo com um protocolo elaborado pelo Conselho Regional de Educação Física, os donos desses negócios tiveram encontros com prefeito da cidade e saíram com a promessa de que o caso seria estudado com calma. Na semana passada, sem a presença de Rossi, eles voltaram a discutir com o Governo uma data para voltar. E saíram de mãos abanando.

“Tem gente que está passando fome”, revelou um dos donos da academia Vibe, situada no Petropolitano FC, Vicente Ricardo, que teve grandes investimentos no seu negócio. Segundo ele, professores estão sem renda alguma para pagar as suas contas e, depois de verem o veto da Presidência da República à sua categoria quanto ao acesso da ajuda governamental de R$ 600 reais, sofrem as agruras desse momento tão delicado da vida sanitária e econômica do Brasil.

Os clubes da cidade estão paralisados. Poucos são os dirigentes que falam abertamente sobre os problemas ocasionados com a inatividade total de suas instituições. O presidente do Cascatinha, Rômulo Barros, disse no fim de semana que a situação é pra lá de preocupante e diz que vai levar muito tempo para colocar tudo em dia. O alvirrubro depende dos eventos realizados em suas duas sedes para manter em dia as contas.

Considerado o esporte que vai leva pessoas às avenidas, a corrida de rua foi outro setor duramente atingido pela pandemia do coronavírus. Apesar de marcada para agosto, a organização da Corrida Petrópolis Itaipava praticamente dá como certa o veto ao evento. A mais badalada do calendário municipal a Petrópolis Night Run -, anteriormente prevista para o dia 26 de setembro, não deve acontecer neste ano, como as demais programadas para este ano. Vale lembrar que as provas movimentavam competidores, mas na organização reunia entre 10 a 20 pessoas que trabalhavam nelas. É dinheiro que deixa de entrar no bolso dos trabalhadores.

Para quem esperava pingar algum dinheiro para patrocínio, pode esquecer. Com lojas e indústrias fechadas, o dinheiro não gira e inviabiliza aquele comerciante que normalmente ajuda a um atleta competir aqui ou acolá. Os grandes eventos também vivem a mesma situação. A Copa Internacional de mountain bike, cuja uma das três etapas estava marcada para Petrópolis, foi jogada de julho para novembro em Boa Esperança, sem se saber ao certo se vai acontecer. É uma prova que vale pontos para o ranking internacional e até para quem ainda sonha com uma vaga no time brasileiro nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021.

A contramão do desastre, quem espera crescer nesse período são os chamados E-Games. E a Good Gamers, startup petropolitana, já saiu na frente. Programou com a Superintendência para o mês que vem uma competição virtual, com o objetivo de atrair cada vez mais o público estudantil do município. Vinícius Verly, um dos CEOs da empresa, prevê um aumento no número de jogadores para este ano, tanto é que já contratou um time para a disputa do Fifa 2020.

 

Magnólia

O Magnólia tem quatro pentatletas participando do Campeonato Pan-Americano de Tiro em Casa, organizado pela Federação Mexicana de Pentatlo Moderno. A competição tem 71 nomes de oito países inscritos. E atletas do Magnólia fazem parte da equipe verde e amarela: Marcela Mello, 15, no feminino; e João Victor Acioly, 15, Victor Aguiar, que completou 22 anos no domingo, e William Muinhos, 26, no masculino.

 

Cascatinha

Como se não bastasse a interrupção das atividades prejudicar sua cadeia produtiva, o Cascatinha experimenta, ainda, o dissabor de ter sua sede frequentemente invadida por moradores para soltar pipa. Apesar dos pedidos de segurança na área, para evitar invasões nesse período de pandemia, o clube não tem tido sucesso e o problema persiste, mesmo com a proibição da atividade no local.

 

Serrano

Se o Serrano se prepara para receber os jogos do Campeonato Estadual da Série B1, por outro o clube assiste a gritaria nas redes sociais, que tem sido enorme. A chamada “Democracia Serranista” tem procurado apoio entre ex-atletas do clube para conclamar eleições e expõe muitas vezes imagens de partes da sede degradada. Mas segundo o presidente do clube, Alexandre Beck, haverá amplas reformas que vão abranger a sede principal e o ginásio Affonso Paoni.

 

Curtas

Magdiel não revela para aonde vai – Pretendido por até três clubes da Série B1, entre eles o Serrano, o lateral-esquerdo Magdiel despista sobre o seu futuro. Orientado por seu empresário, o jogador diz que ainda não é o momento para decidir seu futuro.

Competição segue para ele – Henrique Avancini, o atleta olímpico com chances de medalha em Tóquio 2021, treina intensivamente para as competições que recomeçam no mês que vem, na Europa.

Competição segue para ela – Como em alguns estados serão liberados mais cedo eventos esportivos, a petropolitana Giuliana Salvini Morgen se prepara em casa para as competições de mountain bike que devem ocorrer no segundo semestre.

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