Gleisi rebate Padilha, pede respeito do ministro ao PT e diz que ele devia focar articulação

28/out 21:45
Por Victor Ohana e Iander Porcella / Estadão

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, rebateu nesta segunda-feira, 28, declarações do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Após o chefe da articulação política do governo falar em “Z4”, como é conhecida a zona de rebaixamento em campeonatos, para se referir ao resultado do petismo nas eleições municipais, a deputada pediu “respeito” e disse que Padilha deveria focar em suas responsabilidades no Palácio do Planalto.

“Temos de refrescar a memória do ministro Padilha, o que aconteceu conosco desde 2016 e a base de centro e direita do Congresso que se reproduz nas eleições municipais, que ele bem conhece. Pagamos o preço, como partido, de estar num governo de ampla coalizão. E estamos numa ofensiva da extrema direita. Ofender o partido, fazendo graça, e diminuir nosso esforço nacional não contribui para alterar essa correlação de forças”, publicou Gleisi, na rede social X.

A Executiva Nacional do PT está reunida hoje para fazer o balanço das disputas nos municípios. O partido elegeu 252 prefeitos neste ano. Em 2020, havia eleito 183. Os petistas conseguiram emplacar apenas um prefeito de capital, com Evandro Leitão em Fortaleza (CE). No pleito anterior, a sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não havia eleito nenhum prefeito em capital.

“Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados. Mais respeito com o partido que lutou por Lula Livre e Lula Presidente, quando poucos acreditavam”, escreveu a presidente do PT.

Secretário de Comunicação do partido, o deputado federal Jilmar Tatto (SP) também recebeu as falas de Padilha, antes de Gleisi se pronunciar publicamente. O parlamentar disse que alguns ministros estão “jogando na várzea”.

“Ficou totalmente desarticulada essa ação política do governo e de alguns ministros, porque teve caso de ministro que foi em cidade que tinha, por exemplo, candidatura do PT e foi tirar foto com o adversário”, declarou Tatto. “O Padilha fez também”, respondeu o deputado, ao ser questionado se a referência havia sido ao ministro da Educação, Camilo Santana.

Tatto disse que o partido nunca rejeitou a ideia de ter candidaturas mais amplas, para além da esquerda, e até as defendeu, mas ponderou que pela ótica do PT é negativo que um ministro tire fotos com concorrentes da chapa governista.

“O Padilha falou de zona de rebaixamento. Então, se teve zona de rebaixamento, não sei exatamente o que ele falou, tem muito ministro que está jogando na várzea. E isso é perigoso pensando em 2026”, disse o secretário de Comunicação do PT.

No Palácio do Alvorada, Padilha havia dito que o PT precisava fazer uma “profunda avaliação” dos resultados das eleições municipais. Segundo ele, a sigla está no “Z4” das disputas nas cidades desde 2016 – em referência à zona de rebaixamento de times de futebol no Campeonato Brasileiro.

“O PT é o campeão nacional das eleições presidenciais, mas na minha avaliação, não saiu ainda do Z4 que entrou em 2016 nas eleições municipais. Então, teve conquistas importantes, a eleição na capital, elegeu cidades importantes nesse 2º turno, mas ainda tem um esforço de recuperação. Eu acho que o PT vai fazer uma avaliação sobre isso, certamente sobre esse resultado, como voltar a ser um partido com mais protagonismo, sobretudo nas grandes cidades, nas médias cidades”, disse Padilha.

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