Golpe branco

21/06/2017 14:05

Esperava não mais falar sobre a prosopopeia brasileira ou atividade circense que se desenvolve entre os poderes, mas  considero essencial alertar aqueles que não compreenderam o perigoso momento politico que habitamos na nossa saga sobrevivente.

Inegável o fato de que um "golpe branco" sob respaldo institucional está sendo articulado, já há algum tempo, e visa desconstruir a operação Lava Jato e seus predicados como o acordo de leniência, partindo de respaldo jurídico tecido de forma autocrática pelos movimentos legislativos e do executivo atuais.

Fator tão comum no cenário histórico latino-americano das últimas décadas do século XX, relacionados à CIA, inclusive com uma referência brasileira a 1961. 

A expressão política criada por Gene Sharp (Da Ditadura à Democracia) tem encontrado ressonância nos movimentos de "castas políticas", como estas que se encontram ameaçadas pelas investigações atuais da PGR.

Para Norberto Bobbio (Dicionário Político), este golpe branco, se diferencia do conhecido golpe de Estado, pois assume tênue aparência de legalidade, encontrando-se porém fundamentado em interesses ilegítimos e contrários aos predominantemente populares, por tal concomitante com conspirações políticas e empresariais.

Uma conspiração tem por objeto imediato a tomada do poder do Estado (Gabriel Naude), atuando em desconformidade com o processo institucional legal, onde pode operar uma troca da liderança política, sendo que, em alguns casos, substituindo uma ordem institucional que vigora, isto sem que o uso de violência se processe e se possível manipulando os anseios de grupos que apoiam. Para de modo geral beneficiar o extrato econômico financeiro do país, como recentemente a absolvição de Trabuco (Bradesco). 

Para tal, por vezes a manutenção do status quo presidencial, mesmo desgastado, carcomido por imoralidades, torna-se vital para que o objeto do grupo seja alcançado, o restante é um jogo de desmoralizações e subtrações jurídico institucionais, com a ajuda do próprio presidente que em sua desfaçatez joga autocraticamente em ações subliminares troca de ministros e a doação de R$ 1 bilhão para comprar parte do Congresso visando manipular ações diretas da PGR e reformas.

Ocorrem também operações que atendem ao interesse oculto das instituições financeiras, como a medida provisória 784, que aguardam também seu momento oportuno para manipular os anseios populares pelas mídias e urnas em 2018 e esconder sua participação na Lava Jato".

Temos uma nação esgarçada, uma sociedade doente, polarizada, deprimida a espera de um novo surto de consciência que conduza a uma união como a de 2013.

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