Golpes no WhatsApp: cada vez mais brasileiros têm caído nas artimanhas dos criminosos

19/03/2023 16:28
Por Helen Salgado

É frequente ver postagens ou stories no Instagram de pessoas alertando seus amigos a respeito da clonagem do WhatsApp. Nesse tipo de golpe, criminosos utilizam da foto de uma pessoa, em um outro número, para tentar aplicar golpes nos conhecidos da vítima.

Essa é uma prática, infelizmente, comum e que, os mais vulneráveis ou os que têm menos afinidade com a tecnologia, caem facilmente. Em conversas, criminosos dizem que aquela determinada pessoa trocou de número e que precisa de alguma ajuda emergencial, na maioria das vezes, em dinheiro.

Um levantamento da Mobile Time e Opinion Box mostra que 43% dos usuários brasileiros já sofreram tentativas de golpes no WhatsApp. Outro relatório da empresa de cibersegurança PSafe mostra que mais de 5 milhões de golpes financeiros foram detectados até julho de 2022.

A clonagem de WhatsApp é um dos golpes mais comuns e acontecem devido à falta de precaução dos brasileiros em guardar os seus dados da forma correta. Com o vazamento de dados, os criminosos utilizam as informações devidamente expostas para aplicar os golpes.

Dados mais recentes da Surf Shark, mostram que o Brasil está em 12º no ranking de vazamento de dados. Segundo dados da empresa de inteligência de ameaças, Group-IB, apenas no primeiro trimestre de 2022 foram registrados 91,2 mil casos envolvendo vazamento de informações corporativas. 

Mariana Gabrich foi alvo dos criminosos por três vezes em números diferentes. Nas ocasiões, os golpistas usaram a foto de Mariana e mandaram mensagem para a mãe da jovem pedindo para salvar o número porque o celular deu problema e se poderia fazer uma transferência bancária.

Print do dia 20/02/2023

Segundo Mariana, nenhum dos seus contatos caiu no golpe porque ela logo postou nas redes sociais relatando o ocorrido.

Ela, inclusive, conhece pessoas que já sofreram perdas financeiras com o golpe. “Conheço uma médica que caiu. A filha estava para alugar uma casa de fim de ano, aí mandaram a mensagem pra ela, ela acabou achando que a transferência era pra pagar a casa e perdeu quatro mil reais”, conta.

O advogado, Luís Felipe Benevides, conta que o próprio pai, Willian Benevides, já foi também vítima dos golpistas. Em uma ocasião, os criminosos se passaram pelo Luís Felipe no WhatsApp e levaram R$ 700 do pai.

Como proceder?

Luís explica que o primeiro passo deve ser efetuar a denúncia na própria conta do WhatsApp para poder reportar à plataforma que aquele número está sendo utilizado com o objetivo de enganar/extorquir.

Se a pessoa, de fato, sofreu um prejuízo econômico, ela deve fazer o boletim de ocorrência com o número utilizado pelo golpista e se a transferência tiver sido feita via Pix, é importante realizar o B.O em face dessa pessoa.

Embora esse seja um procedimento comum, na maioria dos casos, mesmo que o B.O seja realizado, a vítima não consegue ter o dinheiro de volta. “Os golpistas utilizam dados falsos para abrir contas, principalmente, em bancos digitais. Por exemplo, eles fraudam, de alguma forma, pegam a documentação de uma pessoa, abrem uma conta bancária, recebem o máximo que podem naquela conta e depois somem”, explica o advogado.

Luís diz ainda que, na maioria dos casos, a pessoa recebedora não tem sequer ciência da existência da conta bancária. “Esse é um tipo de golpe que, para ter a recuperação do valor, é muito complicado”, finaliza.

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