Governador liberal abraçou religião e pauta de costume por palanque a Bolsonaro

30/10/2022 08:07
Por Carlos Eduardo Cherem, especial para o Estadão / Estadão

Neófito na política há quatro anos, quando deixou a direção das empresas da família para se tornar uma “zebra” na disputa pelo governo mineiro e desbancar o PSDB e o PT, que havia três décadas se revezavam no poder em Minas, Romeu Zema (Novo) vislumbra agora voos mais altos. De olho no Palácio do Planalto, daqui a quatro anos, aliou-se com Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL.

O governador garantiu a reeleição à frente do Palácio Tiradentes com folga e assumiu protagonismo no segundo turno. Eleito na primeira fase da eleição com 56,18% dos votos válidos, computou mais apoio do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que obteve 48,29%, e atuou para impulsionar o neoaliado, que recebeu 43,60%.

“Zema não esteve no palanque de Bolsonaro no primeiro turno porque perderia votos, com a aliança Luzema em Minas Gerais. Assim, manteve apoio discreto e apenas formal ao candidato de seu partido”, afirmou o cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV). Felipe d’Avila, do Novo, somou 0,82% dos votos válidos em Minas.

Já eleito, a situação mudou. Para Teixeira, o governador deixou para trás o medo de que eleitores mais à esquerda lhe negassem voto. “Zema pede votos para Bolsonaro e tem um empenho muito forte para tentar impedir que o PT volte a ocupar o governo federal e para que ele possa avançar em seu projeto político de ser candidato a presidente em 2026”, disse o cientista político.

ABRAÇO. Com governo bem avaliado, Zema liderou as pesquisas para governador desde a pré-campanha, no primeiro semestre, mas, no primeiro turno, manteve distância estratégica do bolsonarismo. No segundo, por sua vez, acompanhou o presidente em eventos políticos e religiosos e esteve ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) em municípios mineiros, ao abraçar a chamada pauta de costumes e o discurso religioso.

Em Belo Horizonte, há uma semana, com Michelle e Damares, Zema disse estar no ato “para valorizar aquilo que temos de mais importante, que tenho certeza de que todos vocês vão concordar: a nossa família”. “Não podemos deixar esses valores tão importantes, principalmente por nós, mineiros, serem desprezados no Brasil”, afirmou.

O cientista político Thiago Rodrigues Silame, professor da Universidade Federal de Alfenas (UFA), destacou a importância da abertura de um palanque para Bolsonaro em Minas. “Isso foi importante para a campanha de reeleição do presidente, mas Zema não é um líder carismático a ponto de fazer uma transferência maciça de votos. Alguma influência Zema tem, mas ela não é suficiente a ponto de reverter o quadro do primeiro turno”, disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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