GRAD e GEDEN receberão Medalha Tiradentes pela atuação na tragédia em Petrópolis

16/11/2022 13:37
Por Helen Salgado

Nesta quinta-feira (17), os bombeiros civis do Grupo Especializado em Desastres Naturais (GEDEN) e os voluntários do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (GRAD) que atuaram na tragédia das chuvas deste ano em Petrópolis receberão a Medalha Tiradentes, maior honraria da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A cerimônia será realizada na sede da Alerj.

GRAD

Para a médica veterinária e coordenadora de campo do GRAD, Carla Sássi, receber esta homenagem na Alerj é um diferencial porque, segundo ela, o GRAD iniciou as atividades na Região Serrana, em 2011 e, este ano, mais uma vez, eles atuaram. “Nosso trabalho nesses 11 anos, com certeza, evoluiu muito tecnicamente e emocionalmente também”, conta.

Sobre o dia 15 de fevereiro, a médica veterinária recorda que chegou na cidade logo nas primeiras horas e vendo toda a destruição causada pelo temporal, lembra que eles sentiram a necessidade de montar uma base para colocar os animais das famílias vitimadas.

Foto: Celso Barbosa – Estadão Conteúdo

“O trabalho teve início a todo momento em parceria com a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, todos os órgãos oficiais porque a gente não trabalha sozinho. Sempre trabalhamos em parceria com os órgãos oficiais. Trabalhamos também com a Polícia Rodoviária Federal que foi uma grande parceira e a Marinha. Era resgate o dia inteiro, os animais que tinham necessidade de internação, de alguma intervenção cirúrgica eram mantidos no Hospital Veterinário de Corrêas que foi um grande parceiro nosso. Os que passavam por algum procedimento e estavam liberados já iam para a nossa base”, lembra.

Na cidade, por três meses, o Grupo assistiu mais de 500 animais, entre cães, gatos, muitas aves, peixes, porquinhos da índia e coelhos. Carla lembra que, além de todos os membros do GRAD que participaram dos resgates, a Universidade Federal Fluminense foi também uma grande parceira enviando estagiários do curso de veterinária e na realização de exames em todos os animais que foram assistidos pelo Grupo. Na época, outro grande parceiro foram os médicos veterinários que cuidam dos animais das pessoas em situação de rua no Rio de Janeiro. Embora já tenha se passado nove meses, Carla conta que ainda há animais órfãos em lares temporários e que o GRAD arca com os custos destes locais.

GEDEN

Neném Peixoto, presidente do GEDEN, afirma que nunca recebeu uma homenagem desse porte. “Fomos pegos de surpresa com essa homenagem cedida tão carinhosamente pela Alerj por iniciativa do Deputado Marcus Vinicius (PTB). Temos muito a agradecer por ter tomado essa iniciativa e pelo reconhecimento do nosso trabalho como voluntários”, diz.

Nos 41 anos de trabalho, Peixoto ressalta que ninguém chega em lugar algum sozinho e que cada um teve a sua participação em determinado momento, deixando a sua contribuição para que o GEDEN pudesse chegar até este momento.

“Nossos voluntários treinam toda semana, durante todo ano para poder atuar num momento de crise. Em nenhum momento fazem isso por qualquer tipo de reconhecimento ou agradecimento, fazem por amor e solidariedade ao seu próximo, mas quando recebem uma homenagem como esta, é muito, mas muito gratificante. E uma sensação de alegria e de saber que estamos no caminho certo, é uma sensação de dever cumprido, pois quando reconhecem nosso trabalho é porque conseguimos transmitir o amor além das fronteiras”, afirma.

Foto: Neném Peixoto

Neném Peixoto lembra que o GEDEN atuou desde os primeiros momentos em vários pontos da cidade, depois o trabalho foi intensificado no Alto da Serra e adjacências. Foi montado o Posto de Comando na Escola Estadual Rui Barbosa. Lá, o grupo permaneceu coordenando todas as operações da equipe.

“Atuamos com 638 voluntários, a grande maioria de Petrópolis, mas também vindo de outros municípios, como Campos, Areal, São Jose, São Gonçalo, Caxias, São Paulo, Saquarema, entre outros. Nossa equipe auxiliou o CBMERJ ao qual prestamos nossa homenagem pelo trabalho, em vários pontos da cidade, num trabalho em sintonia, auxiliamos também com alguns equipamentos”, ressalta.

O GEDEN atuou em todas as frentes que envolve uma calamidade, desde atender as famílias, abrigos e principalmente nas buscas e salvamento. O grupo conseguiu retirar várias pessoas com vida e, infelizmente, no auxílio a remoção de 96 vítimas das 238 que vieram a óbitos.

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