Grande mídia, redes sociais e educação
Nas últimas eleições, ficou evidente o divórcio entre a grande mídia e as redes sociais como transmissoras da vontade popular. Foram estas que elegeram do atual presidente. Na verdade, o espectro partidário brasileiro foi ocupado por siglas de esquerda a despeito do fato de mais de 50% da população ter um perfil conservador sem que houvesse quem a representasse devidamente. Foram as redes sociais que furaram a barreira da grande mídia (TVs, grandes jornais de circulação nacional e outros aparatos de comunicação unidirecional) de modo que a pauta dos desejos e valores da população pudesse se impor no pleito presidencial vencido pelo candidato que a incarnou.
Eram evidentes os descaminhos que o País vinha percorrendo tanto em termos de representatividade política dos eleitores bem como na corrupção sistêmica que tomou conta das instâncias de governo. Após pouco mais de quatro meses de atuação do governo Bolsonaro, continuamos a observar a divergência entre a grande mídia e as redes sociais. Uma cena ilustrativa desse desencontro foi a entrevista do ministro Paulo Guedes na GloboNews. Com intuito de cobrar do ministro a solução para o desemprego, apresentaram-lhe a tomada de uma fila quilométrica de pessoas buscando emprego. Guedes não se deu por achado, respondendo que aquela cena preocupante era o resultado de 13 anos PT e de suas políticas desastradas. Dava para perceber o desalento no semblante dos entrevistadores com o tiro que saiu pela culatra.
Ao ler articulistas de jornais de circulação nacional e analistas políticos das grandes redes de TV, sinto que o foco das análises tem sido imediatista com ênfase em temas de menor relevância. Não há como, num passe de mágica, destravar um país que foi sequestrado por uma burocracia centrada em seus privilégios. O STF, por exemplo, faz licitações para adquirir vinhos finíssimos que suas excelências os ministros têm cacife para pagar do próprio bolso. A grande mídia também não posta imagens do presidente e ministros co-mo Sergio Moro almoçando em restaurantes dos funcionários dos ministérios.
O próprio Congresso tem dado show de deselegância e grossura nas audiências a que compareceu o ministro da Economia de boa fé. Na última, um pouco melhor, a deputada Jandira Feghali não perdeu a oportunidade de pôr em relevo a incompetência da esquerda para fazer conta. Acusou o ministro Guedes de beneficiar o andar de cima em detrimento do grosso dos aposentados. Ele respondeu que se ela dividisse os valores mencionados pelos contingentes afetados, ela constataria que, em termos per capita, quem vai pagar a conta maior é justamente o andar de cima, como ela e seus pares, cujas aposentadorias atingem quase R$ 30 mil mensais. Ou seja, mais de 20 vezes o que recebe em média um aposentado pelo INSS (R$ 1.350,00).
As manifestações ocorridas nessa quarta-feira, dia 15/05, contra o corte (contingenciamento) de verbas para educação podem, num primeiro momento, parecer a coisa mais justa do mundo. Afinal, como fazer o Brasil avançar sem investir em educação? Na verdade, tiveram um componente ideológico de grupos e organizações de esquerda que não se dão ao trabalho de calcular se o Brasil está gastando bem em educação. O custo per capita de quem está cursando universidade pública chega a ser até cinco vezes maior dos que estão na rede universitária privada. É evidente que mesmo levando em conta o fator qualidade (em forte queda) das públicas, nada justifica tamanha desproporção nos gastos per capita. A conclusão é que o desperdício é monumental.
Mas talvez o melhor exemplo seja o orçamento anual de R$ 750 milhões do tradicional Colégio Pedro II para seus 13 mil alunos. Gasto per capita de quase R$ 5 mil mensais, o dobro da mensalidade dos Colégios Santo Inácio e São Bento, instituições privadas do Rio de Janeiro, cuja qualidade de ensino é superior à do atual Pedro II. Como explicar ter que gastar o dobro para nível semelhante (ou pior) de qualidade!? Ou o caso da Universidade de Toronto que tem quase o dobro de alunos da UFRJ com o mesmo orçamento anual? A UFRJ gasta 60% a mais por aluno do que a Universidade de Toronto, que tem 10 prêmios Nobel, e padrão de qualidade muito superior. Cabe, sim, passar um pente fino e melhorar muito a qualidade do gasto. Gastar bem é o segredo.
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