Guia mostra como fugir dos preços altos e economizar

11/09/2021 17:45
Por Lorenna Rodrigues e Marlla Sabino / Estadão

Com a alta de preços espalhada por vários setores, está cada vez mais difícil fugir da inflação. Os reajustes penalizam de forma mais cruel os mais pobres, que têm menos renda disponível para fazer frente à escalada de preços e pouco acesso a serviços financeiros que protegem o valor do dinheiro.

Nos últimos meses, a inflação tem aumentado para todas as faixas de renda, o que tem levado famílias a procurar alternativas que caibam no bolso. Mas, quando até o ovo, que substitui proteínas como carne e frango, está mais caro, o que os brasileiros podem fazer?

O Estadão/Broadcast ouviu especialistas para listar alternativas que, se não resolvem, ao menos ajudam a fugir dos preços mais altos. “A inflação se espalhou bastante. Vamos ter de encarar essa carestia”, afirma o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Getúlio Vargas, André Braz. “Não há dicas para evitar que os preços subam, mas o consumidor pode fazer com que suba mais lentamente comprando menos o que está caro, na medida do possível”.

Ele considera urgente “tomar controle” da inflação porque os mais pobres seguem desprotegidos. “Elas são as maiores vítimas da inflação. Dizer para essa família ‘compre menos’ é falta de sensibilidade”, diz.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Márcio Milan, diz que a principal arma do consumidor é pesquisar. “Quando há um movimento de inflação ou mesmo de acomodação de preços, é importante o consumidor fazer sua pesquisa e verificar os valores antes de fazer as compras. Os supermercados, por exemplo, têm políticas que adotam no momento de fazer suas aquisições e podem fazer promoções para manter o consumidor”, explica.

Também é importante que as famílias tenham conhecimento detalhado do orçamento da casa. A professora Ana Lídia Galvão, do Departamento de Economia Doméstica da Universidade Federal de Viçosa (UFV), explica que o primeiro passo para economizar é “colocar tudo no lápis”. Ou seja, anotar quanto ganha e todos os gastos. “A gente contabiliza uma prestação, aluguel, as coisas mais caras, mas às vezes, os gastos pequenos do dia, as pessoas não têm a prática de anotar. E isso vai corroendo o salário”, disse.

Para encontrar alimentos com melhor preço, é preciso pesquisar. Uma sondagem da Abras feita na semana passada mostra a diferença de preços que o consumidor pode encontrar para um mesmo produto. Um saco de arroz de 5 kg era vendido por R$ 15,99 até R$ 29,98. Além disso, os supermercados aumentaram as marcas oferecidas – no caso de arroz, passou de quatro para sete em média nos últimos meses.

O feijão foi encontrado com preços entre R$ 5,99 e R$ 9,99 o pacote com 1 kg. Já o frango variou de R$ 10,99 a R$ 17 o quilo. Milan, da Abras, lembra que supermercados têm estoque e, muitas vezes, podem ter produtos com preços antigos. “Os supermercados têm sentido uma retração no consumo com a inflação e, por isso, aumentam as promoções e ofertas”, afirmou. Ele indica ainda que o consumidor procure ofertas como o “dia da carne” ou “dia do peixe” e dê preferência a legumes e vegetais de época, que são mais em conta.

Braz, da FGV, aconselha o consumidor a, antes de sair de casa, fazer um inventário do que tem na dispensa para evitar comprar o que já tem. Além disso, sugere levar a lista pronta e se ater a ela para não demorar. “Supermercado é feito para você não correr, porque o chão é liso e não tem relógio, justamente para você perder a hora. Quanto mais tempo você fica no mercado, mais coisas inúteis você vai comprar”.

Outra dica é comprar nos atacarejos, que vendem produtos em maior quantidade, muitas vezes por preços melhores. “O consumidor pode combinar de ir com amigos e parentes, vai possibilitar ter acesso a um preço melhor e evitar comprar para estocar.” Estoque, aliás, não é recomendado neste momento. “Se todo mundo sai para comprar, o preço vai aumentar e ninguém vai comprar barato. O mercado é sensível à demanda, se a demanda responde ao preço baixo, ele aumenta.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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