Hamlet, Marco Antônio & Serginho

27/06/2018 12:10

Bauernfest. Copa do Mundo de futebol. Estado do Rio de Janeiro na bancarrota. Nosso país em mãos de incompetentes. Petrópolis comparecendo na mídia local e nacional da corrupção Uma loucura nesse país tropical sem as bençãos de Deus e maltratado por natureza.

Hamlet, o príncipe da Dinamarca, em sentença a ele ditada pelo imortal bardo William Shakespeare, já afirmara, na 1ª cena do 3º ato da imortal peça literária da dramaturgia universal : – […] “That is the question!”, completando : “Existe aqui um problema ! O que é mais importante para o espírito : sofrer os golpes e dardos da imponderável Fortuna ou pegar em armas contra um surto de calamidades e enfrentando-as de frente, liquidá-las ? […] Morrer…, dormir ! Dormir !… Talvez sonhar se é nele que se encontra o obstáculo […]

Hamlet, no admirável solilóquio, desesperança qualquer otimismo para lançar-se à reflexão do infortúnio que corrompe a sociedade e desencanta seu viver e indaga: […] “Quem aguentaria os ultrajes e desdéns do mundo, a injuria do opressor, a afronta do soberbo, as consequências do amor desvairado, a morosidade da justiça, as insolências do poder…?” […]

“Eis a questão”! de todas as eras em tempos passados e em nosso presente, como se o príncipe da Dinamarca, sofrendo pelo amor dedicado a Ofélia, aqui estivesse, no Brasil, sob as duras indagações, no apelo ao sonho, condutor da vida ao imponderável como solução se as armas forem desprezadas na inconteste experiência de que elas nada solucionam, senão alimentam e geram maior miséria e o mais absoluto caos.

Bauernfest. Copa do Mundo de futebol. Estado do Rio de Janeiro na bancarrota. Nosso país em mãos de incompetentes. Petrópolis comparecendo na mídia local e nacional da corrupção Uma loucura nesse país tropical sem as bençãos de Deus e maltratado por natureza.

Experimentamos, petropolitanos, brasileiros, todos os horrores que enlouqueciam Hamlet, dentre eles, a insolubilidade dos seus desesperados questionamentos : “ – Quem aguentaria os ultrajes e desdéns do mundo ?” E de outra vertente vinda do desespero do clássico personagem: “ -A injúria do opressor e a afronta do soberbo ?” ou “ – A morosidade da justiça ?, ainda, a constatação mais grave: “ – As insolências do poder ?” […]

Vivemos como nesse mundo hamletiano de muitos séculos atrás, agora sob o sol tropical e desenvolvimento superior à umidade dos castelos medievos, hoje com longevidade de vida maior, porém sem haver, como humanidade próspera, suplantado as questões do psiquismo individual e coletivo que comanda as sociedades comprimidas nesse minúsculo espaço sideral, em ínfimo grão que denominamos Terra.

O País sofre, nosso Rio de Janeiro, com Cristo Redentor e tudo, despenca na queda livre da politicagem mais baixa e Petrópolis assina ponto nas cartilhas da falta de ombridade de muitos de seus homens públicos. Somos passageiros de um titanic prestes e esbordoar-se em icebergs pontiagudos.

A tragédia já havia sido prevista por William Shakespeare, com seu Hamlet e o foi também por Marco Antônio personagem na tragédia do mesmo dramaturgo “Júlio César”, ato III, cena II, quando, diante do cadáver do senador-mor, abatido por Brutus e comparsas senadores, fala da fatuidade da vida diante do final a todos os seres vivos reservado, deixando as riquezas para trás e nada carregando senão o relato das obras boas e más. É enfático o tribuno Marco Antônio: […] “ – Oh, excelso César, que abatido jazes ! Todas tuas glórias, conquistas, triunfos e despojos se reduziram a tão pequeno espaço ?! Adeus a ti !” […]

Então, senhores, a morte transforma impérios extraordinários em pó e o espaço reservado ao cadáver é mínimo, porque o de cujus não carrega a riqueza, dela não mais usufrui e ela passa a terceiras mãos, que também a perdem e a perdem e a perdem…

Fica o registro da história de cada qual e, senhor Sérgio Cabral Filho (por exemplo), mesmo com as mordomias carcerárias do colarinho branco, para quem ficarão as joias, os dinheiros em paraísos fiscais, os imóveis fixos, flutuantes e aéreos, senão, apenas, bens catalogados e listados na sua mal escrita biografia de cidadão e político.

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