Homenagens e comoção no enterro de jovem motociclista

05/07/2016 18:53

Um jovem de 19 anos morreu após sofrer um acidente de moto na noite da última segunda-feira, na rua do Imperador, centro da cidade. 

A batida aconteceu por volta de 20h, na altura do Edifício Profissional, em frente ao prédio do antigo fórum. Segundo testemunhas, Luiz Felipe Guimarães, que trabalhava como motoboy em um restaurante da mesma rua, perdeu o controle da moto e se chocou contra um poste. O globo que envolve a lâmpada, que fica no topo da estrutura, caiu sobre o jovem.

O Corpo de Bombeiros do 15º Grupamento foi acionado e prestou os primeiros atendimentos à vítima. No entanto, o rapaz não resistiu e morreu no local. O jovem trabalhava há um ano no restaurante e a sua morte deixou muita comoção, principalmente pela sua idade. Esse foi o sexto acidente com vítima fatal no primeiro semestre de 2016 em Petrópolis, onde, segundo o Corpo de Bombeiros, acontece mais de dois acidentes com moto por dia.

A identificação do corpo foi feita por familiares na tarde de ontem, no Instituto Médico Legal (IML) de Petrópolis, que fica no Hospital Alcides Carneiro, em Corrêas.

O sepultamento de Luiz, que aconteceu no Cemitério Municipal, foi marcado por uma homenagem prestada por um grupo de motociclistas, que aceleraram suas motos e buzinaram durante todo o cortejo. "Ele era muito mais do que um motoboy, ele era o nosso melhor amigo! Era uma pessoa maravilhosa, nós adorávamos ele", disse uma jovem que acompanhou todo o cortejo. Durante a homenagem, um casal de amigos segurou a lápida de Luiz, onde estava escrita a mensagem “saudades eternas”. 

No fim da tarde, por volta de 17h30, os motociclistas que participaram do cortejo fizeram um tour pelo centro da cidade e pararam no poste em que Luiz bateu, na Rua do Imperador, onde prestaram mais uma homenagem, interrompendo o trânsito por cerca de cinco minutos.

 

Luiz foi a sexta vítima fatal do ano

A morte do motoboy relembra o triste histórico de acidentes envolvendo motocicletas em Petrópolis. Segundo o grupo Motopaz, que atua na parte de conscientização dos motociclistas em Petrópolis, somente no primeiro trimestre de 2016 foram mais de 100 acidentes. “Não temos ainda os dados atualizados até o fim de junho, mas sabemos que houve uma pequena redução nos últimos meses. Infelizmente tivemos essa morte do motoboy, em que o grupo recebeu a notícia com muita tristeza e pesar. Mas o último acidente fatal envolvendo moto, antes desse, foi no distrito da Posse, há mais de um mês, sendo que houve um também quase na mesma semana, só que na BR-040, em Itaipava”, disse o webdesigner Valério Augusto, presidente do grupo. 

O Motopaz foi criado logo após a morte de um motociclista na Estrada União e Indústria, na altura de Corrêas. “Nosso grupo começou neste ano, logo depois daquele acidente da entrada do Castelo São Manoel. Esse acidente foi a gota d'água, onde decidimos nos mobilizar de alguma forma, fazendo um grupo para trabalhar junto com os motoclubes”, completou Augusto.


Deputado lamenta a morte do jovem

O deputado federal Hugo Leal (PSB-RJ) lamentou mais uma morte violenta no trânsito petropolitano, ainda mais tendo como vítima um jovem de apenas 19 anos, com toda uma vida pela frente. Presidente da Frente Parlamentar pelo Trânsito Seguro, o deputado está envolvido em diversas discussões para a criação de Leis que visam diminuir o número de acidentes no trânsito e, principalmente, as mortes. Na última semana, Hugo Leal convocou especialistas em trânsito para uma discussão sobre o Projeto de Lei 5007/13 (PLS 346/2012, do Senado Federal), do qual é relator, na Comissão de Viação e Transportes (CVT). O projeto prevê a criação de pista ou faixa exclusiva para a circulação de motocicletas em vias de grande circulação. O encontro também discutiu a limitação de velocidade nos chamados “corredores”, espaço entre os carros usados pelos motociclistas e principalmente pelos motofretistas quando o trânsito está parado. Outro tema levantado no encontro foi o da necessidade de se investir na formação do condutor e ainda na educação de trânsito dentro das escolas. “Estamos iniciando uma verdadeira luta para uma mudança radical na formação desses condutores”, afirmou. "É uma falácia as aulas oferecidas pelas autoescolas”, criticou.

Na audiência da CVT, registrada no último dia 28 de junho, o deputado ressaltou que a linha de discussão é pautada no Código Brasileiro de Trânsito. O objetivo é entender as novas ações e discussões urbanísticas dos municípios, entender o papel das motocicletas, mas também entender por que o número de acidentes é cada vez maior, explicou o deputado.

Segundo a seguradora LIDER DPVAT, a motocicleta foi o veículo com o maior número de indenizações de janeiro a dezembro de 2015, apesar de representar apenas 27% da frota nacional, concentrou 76% delas. Das indenizações pagas no período para acidentes com motocicletas, 83% foram para invalidez permanente e 4% para morte. 

A Tribuna procurou o 15º Grupamento do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro para falar sobre o assunto e também para buscar estatísticas sobre as mortes envolvendo motociclistas na cidade. No entanto, até o fechamento desta reportagem nossa equipe não conseguiu uma resposta da corporação.

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