Ibovespa avança com alívio na curva de juros, apesar de queda em NY e de commodities

04/set 11:48
Por Maria Regina Silva / Estadão

O Ibovespa avança praticamente desde a abertura e já saltou cerca de dois mil pontos entre a máxima (136.363,44 pontos ) e a mínima (134.350,01 pontos). A alta ocorre apesar da queda da maioria dos índices das bolsas norte-americanas e na Europa por conta de receios com a atividade global. A valorização atinge quase toda a carteira teórica. De um total de 85 ações, só três cediam por volta das 11 horas.

Até mesmo os papéis ligados ao petróleo – que recua em torno de 1,00% nesta manhã – e ao setor de metais avançam. Hoje, o minério de ferro fechou com queda de 3,09% em Dalian, na China, após novos dados industriais fracos do país.

“O exterior começou setembro de forma mais negativa, o que influencia as commodities. Os mercados estão no aguardo da divulgação do payroll, na sexta-feira, talvez o dado mais importante da semana”, diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas. O relatório de emprego americano pode ajudar a calibrar as apostas de corte dos juros nos EUA, após ontem indicadores sugerirem enfraquecimento forte da economia e instigar redução de meio ponto porcentual do juro básico.

Nesta quarta-feira, o Ibovespa registra ganhos acima de 1,00%, após fechar com recuo em quatro sessões seguidas. Os investidores avaliam os dados da produção industrial e a reafirmação do governo em cumprir o arcabouço fiscal. E relação à indústria, houve um recuo de 1,4%, o que superou a mediana negativa de 0,9% das projeções.

O resultado da indústria alivia um pouco as pressões sobre a política monetária do Brasil, após ontem o crescimento inesperado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre elevar as apostas de aumento de meio ponto porcentual da Selic neste mês. Nesta manhã os juros futuros recuam enquanto o dólar avança moderadamente.

Na visão de Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil, o recuo da produção industrial atenua um pouco os temores, mas ainda persistem preocupações com a dinâmica inflacionária do País. “O problema com a inflação é o gasto público. O Banco Central deveria elevar a Selic”, diz.

Para Carlos Lopes, economista do BV, apesar do recuo na produção industrial em julho ante junho, o contexto ainda é de uma atividade “muito forte”. Neste sentido, avalia que o declínio não tende a reduzir as apostas de uma alta de meio ponto porcentual na taxa Selic neste mês. “A novidade do dia é a PIM mais fraca. Abre espaço para uma correção, mas não muda a história”, diz.

Hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou o compromisso do governo com o arcabouço fiscal e ressaltou que o governo está tentando voltar a patamar saudável entre despesas e receitas. Ele defendeu à GloboNews ser necessário fazer um debate sobre o ritmo de crescimento das despesas obrigatórias, que eventualmente vão consumir o espaço dos gastos discricionários.

“A fala do Haddad traz um alívio no curto prazo, tira um pouco os receios mas não elimina as dúvidas em relação ao orçamento”, afirma Ashikawa. “Após repercussão negativa quanto ao formato de financiamento proposto para o Auxílio Gás, a afirmação do ministro atenua um pouco”, completa o economista da Principal Claritas. Haddad disse que há espaço para rever o formato de financiamento desse benefício.

Às 11h27, o Ibovespa subia 1,45%, aos 136.300,05 pontos, ante elevação de 1,50%, com máxima aos 136.363,44 pontos. No ano, avança 1,54% depois de arrefecer alta do período a 0,13% no fechamento de ontem, quando fechou em baixa de 0,41%, aos 134.353,48 pontos.

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