Ibovespa cai quase 1%, aos 126,5 mil pontos, com commodities

23/jul 17:47
Por Luís Eduardo Leal / Estadão

O Ibovespa acentuou correção a partir do meio da tarde, com poucas ações da carteira conseguindo evitar perdas no fechamento. Hoje, em recuo em torno da marca de 1%, retomou um grau de ajuste mais agudo visto também na última quinta-feira, quando havia cedido 1,39%. Na mínima do fim da tarde, foi aos 126.530,02 pontos, em baixa de 1,04%, em dia de encerramento moderadamente negativo em Nova York, entre -0,06% (Nasdaq) e -0,16% (S&P 500) de variação para os principais índices.

Após uma primeira quinzena de julho invicta, com 11 ganhos diários seguidos, foram quatro perdas e dois ganhos desde o último dia 16. Assim, o Ibovespa se afasta um pouco mais da máxima recente, da última quarta-feira, então perto dos 129,5 mil pontos no fechamento.

Hoje, encerrou abaixo dos 127 mil, em queda de 0,99%, aos 126.589,84 pontos, saindo de máxima na sessão a 127.859,63, correspondente à abertura. O giro foi nesta terça-feira a R$ 19,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 0,80%, ainda sustentando ganho de 2,17% no mês – em 2024, cai 5,66%.

“Existe incerteza quanto à corrida eleitoral nos Estados Unidos, e o mercado de forma geral costuma não lidar bem com isso. E, no quadro doméstico, embora o congelamento de R$ 15 bilhões para cumprir o arcabouço fiscal este ano tenha sido visto com bons olhos, o mercado continua duvidando da capacidade do governo de cumprir o centro da meta de déficit primário zero ao final de 2024”, resume Inácio Alves, analista da Melver.

“Esse montante de R$ 15 bilhões trouxe pouco efeito para as expectativas dos investidores”, diz Hemelin Mendonça, sócia da AVG Capital, observando que a atitude do governo com relação às contas públicas parece ser a de “comprar tempo”, sem de fato resolver o problema e travar gastos para cumprir com o orçamento. “Há ainda incerteza e piora na percepção de risco Brasil, com o mercado mostrando receio ante a situação fiscal”, acrescenta.

Assim, o dia se mostrou avesso ao kit Brasil, com dólar em alta frente ao real – de 0,29%, a R$ 5,5863 no fechamento – e de avanço também na curva de juros doméstica. Nesse contexto de menor apetite por risco, apenas cinco das 86 ações da carteira Ibovespa conseguiram avançar nesta terça-feira: Embraer (+8,47%), Pão de Açúcar (+3,20%), Sabesp (+1,89%), Localiza (+1,00%) e BTG (+0,16%). Na ponta perdedora do índice na sessão, CSN (-5,05%, na mínima do dia no encerramento), Gerdau Metalúrgica (-5,03%), CSN Mineração (-4,99%) e Gerdau (-4,50%).

O dia negativo para o setor metálico não poupou a ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON, que cedeu hoje 1,34%. Além do prosseguimento da correção no minério de ferro na China, em baixa de quase 3,5% em Dalian nesta terça-feira, a queda superior a 1,5% para o Brent e o WTI na sessão manteve as ações da Petrobras na defensiva, com a PN em baixa de 1,29% e a ON, de 1,41%, ambas nas respectivas mínimas do dia no fechamento. Foi a terceira queda consecutiva para o petróleo, em meio à reavaliação do mercado quanto à demanda, em especial da China.

Para Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, a correção em curso na B3 deve ser vista como “técnica e natural”, após o fundo de vale tocado em meados de junho, quando o Ibovespa foi aos menores níveis desde novembro passado, acumulando então perda superior a 11% em 2024.

“De 19 de junho a 17 de julho, o Ibovespa subiu em linha reta mais de 8%, então uma correção é natural”, diz Fernandes, acrescentando que a realização de lucros vista recentemente é favorecida pelo ajuste nos preços do minério e do petróleo, que afetam diretamente as empresas de maior peso no índice – ou seja, Vale e Petrobrás.

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