Ibovespa sobe com perspectiva de fluxo após IPCA, mas NY e Petrobras limitam

09/ago 11:22
Por Maria Regina Silva / Estadão

A despeito da aceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho, do surpreendente prejuízo da Petrobras e da queda dos índices das bolsas em Nova York, o Ibovespa avança nesta sexta-feira. A safra de balanços com diversos resultados trimestrais fica no foco, sobretudo o da estatal petroleira.

Contudo, perto das 11 horas desta sexta-feira, o Ibovespa moderava a alta mas ainda defendia a marca dos 129 mil pontos da máxima. Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,90%, aos 128.660,88 pontos, subindo 0,79% no mês após ceder. Desta forma, caminha para encerrar com valorização semanal, depois de cair por duas semanas seguidas.

A Petrobras anunciou na quinta à noite um prejuízo de R$ 2,6 bilhões para o segundo trimestre deste ano, contrariando a média das expectativas do mercado medida pelo Prévias Broadcast, de lucro de R$ 14,7 bilhões.

Ainda assim, o Conselho de Administração da petrolífera aprovou o pagamento de R$ 13,6 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), equivalente a R$ 1,05320017 por ação ordinária e preferencial. Agora, fica a expectativa pela teleconferência da empresa, às 11 horas. As ações cedem em torno de 3,00% perto do horário citado acima, com o petróleo voltando a cair moderadamente. Já o minério de ferro avançou 0,27% em Dalian, na China, mas as ações da Vale caíam 0,11%.

Nos Estados Unidos os índices de ações cedem após Wall Street fechar com ganhos na véspera, em dia de agenda esvaziada. No entanto, as divulgações de indicadores ganharão força na semana que vem, com destaque ao à pesquisa mensal sobre a inflação ao consumidor (CPI) dos EUA, que é crucial para a trajetória dos juros básicos americanos.

Os mercados internacionais têm uma manhã mais tranquila em relação ao estresse visto na sexta passada e na segunda-feira, quando houve percepção de uma recessão nos EUA e se chegou a elevar as apostas de recuo de meio ponto porcentual no juro do país, relembra economista Rodrigo Ashikawa, da Claritas Principal.

“Hoje o quadro está um pouco mais calmo, assim como nos últimos dias. Os dirigentes do Fed ainda querem esperar mais indicadores para definir o ritmo de queda dos juros, e isso dá sinal de calmaria”, diz.

Aliás, nesta sexta, a inflação é destaque no Brasil. O IPCA fechou julho com alta de 0,38%, ante um avanço de 0,21% em junho. A taxa acumulada em 12 meses foi de 4,50% até julho, ante taxa de 4,23% até junho. O número ficou ainda mais acima do centro da meta, de 3%.

“Foi uma aceleração expressiva, com o acumulado em 12 meses no teto da banda do Banco Central. Isso começa a preocupar, ainda mais levando em conta a fala de Galípolo de ontem”, diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse ontem não fazer sentido pensar que membros do Comitê de Política Monetária (Copom) indicados pelo atual governo não poderiam votar por uma elevação da Selic porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é crítico ao atual nível dos juros.

Ashikawa, da Claritas Principal, chama a atenção para a aceleração dos serviços subjacentes no IPCA de julho – medida bastante acompanhada pelo BC para definir a política monetária. “A alta exige atenção, assim como o câmbio depreciação recente, a piora das expectativas de inflação e o mercado de trabalho forte”, cita. Por ora, a Claritas Principal mantém sua projeção de IPCA no final de 2024 acima de 4,00%.

Segundo Gustavo Sung, e economista-chefe da Suno Research, apesar de o IPCA estar em níveis bem menores do que os últimos anos, a perspectiva é de que a inflação continue nesse nível e encerre o ano em 4,20%. Assim, diz em nota, deve exigir com que a taxa de juros se mantenha na atual marca de 10,50% ao ano.

Conforme Laatus, inflação forte remete a uma Selic elevada. “Juros altos aqui somado a corte de juro nos EUA gera fluxo de entrada de capital. O mercado está olhando para isso, a meu ver”, afirma o estrategista.

Às 10h55, o Ibovespa subia 0,41%, aos 129.229,35 pontos, ante elevação de 0,72%, na máxima aos 129.583,07 pontos, e mínima aos 128.661,52 pontos (mesmo nível da abertura), com variação zero.

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