Ibovespa tem leve alta com NY e petróleo, e defende os 136 mil pontos

05/set 11:44
Por Maria Regina Silva / Estadão

O Ibovespa avança nesta quinta-feira, 5, e defende a marca dos 136 mil pontos retomada na quarta-feira, 4, após fechar em queda em quatro pregões seguidos. Na véspera, encerrou com alta de 1,31%, aos 136.110,73 pontos. A alta é amparada na elevação da maioria dos índices de ações americanos e na valorização de ações ligadas a commodities, em dia de ganhos em torno de 1,00% do petróleo no exterior e recuo de 2,58% do minério de ferro na China no fechamento em Dalian nesta quinta-feira.

Os investidores avaliam uma série de dados americanos divulgados nesta manhã. A pesquisa ADP, por exemplo, mostrou uma geração de vagas menor do que a esperada pelo mercado no setor privado do país em agosto.

Já os pedidos de auxílio-desemprego apresentaram queda maior do que a aguardada por analistas, enquanto o custo da mão de obra nos EUA subiu menos do que se previa no segundo trimestre. Depois, saiu o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) ISM do setor de serviços dos Estados Unidos, que superou levemente a expectativa, ajudando a impulsionar os índices das bolsas, com exceção do Dow Jones que caía.

Ainda que os dados tenham ampliado as chances de um relaxamento mais agressivo pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em 2024, mostra um quadro divergente e aumentam as dúvidas sobre a situação do emprego na véspera do payroll – o indicador oficial de emprego dos Estados Unidos.

“O mercado está bem cauteloso à espera do payroll, que concentra tanto as vagas do setor público quanto privado, em uma semana de diversas divulgações de dados de emprego”, diz Felipe Sant Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk.

Sant Anna destaca que há alguns sinais de que a curva de criação de empregos nos EUA começou a cair, com indícios de menos oferta de vagas. “Talvez a postura mais restritiva do Fed em ter mantido o juro algo por mais tempo pode ter afetado o mercado de trabalho de forma demasiada”, pontua, completando se isso for verdade o banco central dos EUA terá de soltar mais a política monetária.

A probabilidade majoritária na plataforma de monitoramento CME Group de uma redução de 25 pontos-base (pb) nos juros pelo BC norte-americano em setembro é majoritária, mas essa opção perdeu vantagem e caiu para 55% após os dados. Já a chance de um corte maior, de 50 pb, avançou de 43% antes dos dados para 45% depois das publicações.

“No geral, as apostas estão meio a meio. Se houver redução de 0,50 nos Estados Unidos e aqui a Selic for elevada em 0,25 ponto, haverá fuga de capital estrangeiro da Bolsa?”, indaga Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3, completando que as preocupações fiscais também tendem a fazer “bastante preço” nos ativos do Brasil.

Neste sentido de temor com as contas públicas, Oliveira diz que o crescimento inesperado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, divulgado esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pode ocultar a realidade. “Cresceu muito por conta do consumo, do investimento privado e da balança comercial. Mas se avaliarmos os índices PMIs do Brasil, estão vindo baixos. Será que o que teria puxado o PIB não foi o gasto do governo? Se for, pressiona o dólar e podemos ter mais altas dos juros aqui, com mais preocupação com a inflação”, avalia o sócio da Blue 3.

Em meio a temores fiscais e monetários, os investidores acompanharão a palestra do diretor de Política Econômica do Bando Central (BC), Diogo Guillen (13 horas), diante da comunicação divergente do BC, à tarde. Além disso, sairão os dados do governo central de julho. A expectativa do mercado é de déficit primário.

Ao mesmo tempo em que cresceram as apostas de alta de meio ponto porcentual da Selic no Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, dado que a atividade economia segue aquecida e a inflação elevada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse recentemente que um ciclo de ajuste dos juros, se houver, será gradual.

Às 11h28, o Ibovespa tinha subia 0,15%, aos 136.529,02 pontos, ante alta de 0,31%, quando tocou máxima aos 136.529,02 pontos. A mínima foi de 135.959,32 pontos (-0,11%). Petrobras avançava entre 0,57% (PN) e 0,66% (ON). Vale tinha elevação de 0,84%, em recuperação apesar do recuo do minério.

“A ação de Vale está muito barata há tempos. A economia chinesa está com problemas dados indicando desaquecimento, mas há sinais de aumento de embarque de minério pelo país enquanto a commodity não para de cair. Será que a China está estocando minério no intuito de aproveitar oportunidades?”, questiona Felipe Sant Anna.

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