Indústria financeira está virando indústria de ciência de dados, diz Campos Neto

26/05/2021 17:44
Por Eduardo Rodrigues e Fabrício de Castro / Estadão

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu neste quarta-feira que a indústria financeira está se tornando uma indústria de ciência de dados, que levará a novos produtos e serviços financeiros. “Entramos em uma curva de aceleração exponencial de tecnologia. A questão é o que vai ser a indústria financeira do futuro. Ficou barato produzir e guardar dados, e mais recentemente ficou mais barato analisar dados. A tecnologia é um instrumento capaz de baratear acesso a vários tipos de mercado”, afirmou, em videoconferência com o canal MyNews.

Mais uma vez, ele destacou que a interação entre mídias sociais e o mundo financeiro tem sido cada vez maior, com inovações de meios de pagamento com empresas de mensagens. Ele citou o exemplo do WhatsApp Pay, mas lembrou que o BC se adiantou a esse movimento com o lançamento do PIX.

“O PIX foi grande surpresa para todos, o que mostra que sociedade tem demanda para isso. Achamos que o PIX em algum momento pode se tornar inclusive uma identidade digital”, completou Campos Neto.

Regulação

O presidente do Banco Central disse ainda que diversos bancos centrais têm debatido bastante sobre como será a regulação dos serviços financeiros do futuro. “Estamos regulando uma indústria que muda muito rápido e não sabemos como vai funcionar daqui a cinco anos. Nos últimos três anos, a aceleração da inovação foi maior do que a dos anos anteriores”, afirmou, em videoconferência com o canal MyNews.

Segundo Campos Neto, o chamado Open Finance irá criar um ambiente mais transparente sobre a troca de dados, que devem ser os principais ativos dos agentes nesse mercado. “Como acho que a indústria é baseada em dados, a grande pergunta é como regulamentar isso. É preciso haver reciprocidade. Se uma bigtech entrar no Open Finance e quiser informações bancárias, o banco também poderá ter informações desses grupos”, completou.

O presidente do BC afirmou que os bancos utilizam de uma forma mais fácil de ler e extrair, mas os grupos de mídia social controlam os dados por meio de algoritmos mais complexos. “A gente só vai deixar que essa interação ocorra se todos tiverem condições homogêneas e competir por esses dados”, adiantou.

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