Inea realiza soltura de pinguins-de-Magalhães a 84 km da costa do Rio de Janeiro

01/set 09:30
Por Redação/Tribuna de Petrópolis

O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) realizou a soltura de 19 pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) nesta sexta-feira (30), a 84 km da costa do Rio de Janeiro. Esses animais, que estavam sob cuidados veterinários após serem encontrados debilitados na costa Norte fluminense, foram reintroduzidos em seu processo migratório em direção ao Sul do continente, na Patagônia Chilena e Argentina. A operação contou com a parceria da Marinha do Brasil, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e do Instituto BW, mobilizando 42 profissionais.

Fotos: Fabiano Veneza/SEAS

Dezenas de pinguins haviam encalhado na costa Norte fluminense entre julho e agosto e foram atendidos pelo Instituto BW, um Centro de Recuperação de Animais Silvestres em Araruama, autorizado pelo Inea. Os animais estavam em estado de saúde delicado, muitos debilitados, com hipotermia, parasitas e patologias pulmonares. Após serem resgatados, os pinguins receberam cuidados de hidratação, aquecimento, medicação, além de exames laboratoriais e de imagem. Do grupo inicial, alguns dos animais não conseguiram sobreviver devido à gravidade de seus estados.

Como a fase de vida dos pinguins era favorável para a migração, eles foram reintroduzidos na natureza em uma corrente oceânica quente do Atlântico Sul, que se move paralelamente à costa brasileira, direcionando-os para as colônias reprodutivas da espécie. O transporte seguro dos animais em alto mar foi realizado pelo Grupamento de Navios Hidroceanográficos (GNHo) da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil. A missão utilizou o Navio AvPq Aspirante Moura (U-14), construído em 1987. A localização exata para a soltura foi determinada em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que já apoiou outras instituições em procedimentos semelhantes.

“Esta é a primeira vez que o Governo do Estado realiza a soltura dessa espécie de animal. O Instituto Estadual do Ambiente articula o apoio de projetos responsáveis pelo manejo de fauna silvestre no estado do Rio de Janeiro, atividade essencial para a manutenção da nossa biodiversidade. Realizamos a devolução destes dezenove pinguins com muito orgulho e sensação de dever cumprido”, disse o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.

A maioria dos pinguins liberados eram fêmeas e todos eram jovens, nascidos ainda este ano. Os animais foram recolhidos pelo Projeto de Monitoramento de Praias, da Petrobras. A expectativa de vida dessa espécie é de 20 anos e, ao contrário do que muitos pensam, esses pinguins precisam de calor. Caso algum cidadão encontre um pinguim desta espécie, a recomendação é colocá-lo em uma caixa de papelão e acionar os órgãos ambientais.

Os pinguins são aves oceânicas da ordem Sphenisciformes, que não possuem a capacidade de voar, pois suas asas se transformaram em nadadeiras e seus ossos não são pneumáticos (ocos). Eles são adaptados à vida aquática, utilizando suas asas para propulsão, o que permite que alcancem velocidades de até dez metros por segundo debaixo d’água, onde podem permanecer submersos por vários minutos.

“Acompanhamos todo o processo de reabilitação, desde o seu recebimento até a soltura destes animais que são tão preciosos para a biodiversidade marinha. O Inea é o órgão que fiscaliza os locais do estado especializados em receber e reabilitar animais silvestres que exigem os mais diversos níveis de cuidado. Nossos parceiros nesta missão, o Instituto BW e a Marinha do Brasil, viabilizaram a ação e garantiram que a atividade fosse um sucesso. Estes animais agora têm maior chance de um futuro seguro”, afirma o Gerente de Fauna do Inea, Cleber Ferreira.

A presença de pinguins nas praias do sul e sudeste do Brasil é um fenômeno natural e migratório que ocorre durante o inverno. Estudos arqueológicos realizados em sambaquis ao longo da costa brasileira revelam camadas de conchas, fragmentos de pontas de flechas, machados, cerâmica, esqueletos humanos e ossos de animais, incluindo ossos de pinguins. Esses achados indicam que os pinguins já visitavam a costa brasileira muito antes da colonização portuguesa.

Sobre a espécie

As fêmeas dos pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) colocam dois ovos entre outubro e novembro, sendo que a maioria deles eclodem entre meados de novembro e início de dezembro. Após o nascimento, os pais revezam-se na alimentação dos filhotes durante três a quatro semanas. Após um mês, os pais vão em busca de alimentos, enquanto os filhotes são deixados sozinhos e começam a formação de grupos de muitos filhotes próximos aos ninhos e sem a presença dos pais.

Os indivíduos jovens vão para o mar com aproximadamente três meses de idade, permanecendo nele durante cinco anos e indo para o continente apenas para fazer a troca de penas. Após esse grande período ao mar, eles voltam para suas colônias para iniciar seu ciclo reprodutivo.

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