Informação sonegada
A eleição que se aproxima traz para Petrópolis um adendo, um item acrescido, que não existe no restante do país. É um plebiscito sobre as charretes, vitórias ou que outro nome tenham os carros tracionados por dois cavalos.
Teremos que decidir se defendemos os cavalos ou os condutores, cocheiros. Qual dos dois? Defensores dos animais afirmam que é crueldade obrigar os cavalos, mal alimentados e mal cuidados, a tracionar os veículos. E que isso é transporte do século XIX em pleno século XXI. Se concordarmos traremos desemprego para os cocheiros. Quem, ou o que, é mais necessário? E o pior, teremos que decidir sem saber o mais importante: quanto custa manter um cavalo? Sei, por amigos e conhecidos, que a manutenção de um cavalo não é barata. Vários deles, por não suportarem o custo, abriram mão do elegante esporte da equitação. (Há quem diga que o esporte não é praticado por quem monta, mas pelo cavalo. Isto é outra discussão). Por outro lado, os cocheiros garantem que os animais recebem cuidados veterinários e o que mais é especificado na legislação. Quem sabe, algum dia ouviremos: — Meus cavalos estão batendo pino, não sei se o capim foi falsificado. – Com os meus dificilmente acontece, eles são “flex”. Vá na outra esquina; há um bom veterinário, autorizado em Manga Larga, porém cuida de qualquer raça. – O governo deveria fazer um “Verdebrás”, produzindo capim e alfafa de boa qualidade a baixo preço. – Outra estatal? Para empregar parentes de políticos?
O fato é que a presença dos carros de cavalo – como eram conhecidos em 1930, 1940 – sem dúvida é um atrativo a mais para turistas e para os moradores de Petrópolis. É charmoso, interessante, diferente e não existente em outros municípios. Nova York tem no Central Park charretes similares, de um só cavalo. Não sei quanto se paga, lá, por um passeio nem quanto tempo dura esse passeio. Paris e as demais cidades europeias que conheci não têm nada parecido. E, se o charme e a diferença não forem levados em conta, os cocheiros deverão concorrer com táxis e uber. Certamente o transporte animal é mais caro, mesmo com o preço atual da gasolina, e mais lento. E temos que raciocinar que para cada charrete desativada teremos que dar destino, pelo menos, a dois cavalos e um cocheiro. Numa época de desemprego e dificuldades.
E, ainda sem dados concretos, sem saber quanto custa, tomaremos uma decisão: 1. A favor. 2. Contra. Alguém sabe informar quanto custa manter um cavalo de boa linhagem, em boas condições físicas? E um pangaré? E quanto custa desativar esses carros, dando destino correto aos animais e pagando seguro-desemprego aos cocheiros? Uma informação confiável, por favor! Ou votaremos às escuras, na ignorância. Por favor, quanto custa?