Inquérito do STF sobre a rede de fake news aponta para financiamento de empresários ao chamado “Gabinete do Ódio”

27/05/2020 16:11

O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou, na tarde desta quarta-feira (27), parte do inquérito que investiga a rede de fake news criada para ameaçar e caluniar ministros do tribunal. Nesta manhã, 29 mandados de busca e apreensão em endereços de envolvidos no processo foram cumpridos. Além disso, foram entregues intimações para oito deputados federais e estaduais aliados ao presidente Jair Bolsonaro. De acordo com a investigação, há indícios de que as postagens nas redes sociais dos envolvidos sejam financiadas por empresários e que as publicações são disseminadas por intermédio de robôs para que atinjam números expressivos de leitores.

O inquérito foi aberto em março do ano passado pelo presidente do STF, Dias Toffoli, e agora está sendo conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Federal (PF). No texto, Alexandre de Moraes ressalta que “toda essa estrutura, aparentemente, está sendo financiada por um grupo de empresários que, conforme os indícios constantes dos autos, atuaria de maneira velada fornecendo recursos (das mais variadas formas), para os integrantes dessa organização”.

O ministro ressalta ainda que as investigações e os depoimentos prestados pelos deputados federais Alexandre Frota e Joice Hasselmann em 17 de dezembro de 2019 evidenciam a existência do “Gabinete do Ódio”, dedicado à disseminação de notícias falsas e ataques a diversas pessoas e autoridades, dentre elas o Supremo Tribunal Federal. As investigações chegaram a onze perfis da rede social Twitter e a análise deste material identificou que as postagens começaram com o conteúdo negativo e ataques ao STF, ou seus membros, a partir de novembro de 2019. 

Foram alvos dos mandados de busca e apreensão os empresários e blogueiros: Allan Lopes dos Santos, Bernardo Pires Kuster, Edson Pires Salomão, Eduardo Fabris Portella, Enzo Leonardo Suzi Momenti, Marcelo Stachin, Marcos Dominguez Bellizia, Paulo Gonçalves Bezerra, Rodrigo Barbosa Ribeiro, Sara Fernanda Giromini, Edgard Gomes Corona, Luciano Hang, Otavio Oscar Fakhoury, Reinaldo Bianchi Junior, do ex-deputado federal Roberto Jefferson e Wilson Rodrigues Lima. O ministro Alexandre de Moraes determinou a apreensão de computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos e/ou materiais relacionados à disseminação das mensagens ofensivas e ameaçadoras. 

O ministro determinou também o bloqueio das redes sociais e o afastamento do sigilo bancário dos envolvidos. Todos devem ser ouvidos na Polícia Federal em um prazo máximo de 10 dias.

Os deputados federais e estaduais envolvidos no inquérito e que receberam as intimações nesta quarta-feira são: Beatriz Kicis Torrents de Sordi (federal), Daniel Silveira (federal), Filipe Barros Baptista de Toledo Ribeiro (federal), Geraldo Junio do Amaral (federal), Luiz Phillipe Orleanse Bragança (federal), Douglas Garcia Bispo dos Santos (estadual de São Paulo) e Gildevanio Ilso dos Santos Diniz (estadual de São Paulo). Todos também serão ouvidos em até 10 dias pela Polícia Federal. O ministro também determinou que sejam preservados todos os conteúdos das postagens dos usuários nas redes sociais.

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