INSS – uma solução radical
O ex-senador Petrônio Portela assim se expressou : “Fatos são fatos, não agrido fatos”, demonstrando que contra os fatos não há argumentos para denegri-los, sejam agradáveis ou desagradáveis. E é indiscutível que o aposentado é sempre o penalizado por toda desgraça econômica do país, acima da corrupção.
Sempre que se levanta uma polêmica, deve-se basear em fatos e um fato inquestionável é a declaração, publicada em jornal, do Sr. Helmut Schwarzer, então diretor do INSS no governo FHC, quando afirmou que o déficit da Previdência representava 80% do setor público e somente 20% do setor privado. E como já comentei em crônica anterior, tal declaração nos leva a deduzir que, justamente e só esses 20% do setor privado é que geram impostos para sustentar a máquina pública do governo.
Portanto, não consigo entender tal situação, uma vez que o salário dos funcionários públicos só gera impostos em suas compras do dia-a-dia e no fim do ano para a Receita Federal (quando não são isentos), enquanto o trabalhador do setor privado é gerador diário para se formar o PIB nacional, sustentáculo do país e, no entanto, é o setor mais desprezado por todos. E agora, com o aumento liberado de 40% para o setor público se, como sempre ocorreu, tal majoração alcançar também os aposentados daquele segmento será mais um bofetada em quem, de alguma maneira, ajudou a alavancar este país tão vilipendiado pela classe política e pela desfaçatez da corrupção. Mesmo não tendo nada contra tais funcionários que, às vezes, não podem produzir pelo próprio entrave burocrático, deve ter excesso de parasitas, o que é impossível de se negar.
Por isto, enviei alguma documentação a Brasília e recebi, em resposta, do Gabinete Pessoal do Presidente da República, o Ofício nº 1196/2016 com data de 27.05.16, com o seguinte texto, assinado pelo Sr. Jader Luciano Almeida, Diretor de Gestão Interna :
“Acusamos o recebimento da correspondência s/n°, de 22/05/2016, dirigida ao Exmo. Sr. Presidente da República em exercício, à qual anexa os artigos intitulados "Déficit Duvidoso da Previdência", de sua autoria, e "Previdência Social Altamente Superavitária", de autoria do Sr. Alcides dos Santos Ribeiro, Presidente da Federação dos Aposentados e Pensionista de Mato Grosso do Sul. Pela natureza do assunto, informamos que o referido documento foi encaminhado ao Ministério da Fazenda, por meio do Ofício nº 1195/2016”.
É uma última tentativa de sensibilizar o governo – mesmo incredulamente – mas para sair do protesto diário e torturante já que o Legislativo não está aí para nossa infelicidade, tanto, que farei mais uma tentativa junto a estes parlamentares para sugerir duas opções para dar fim a esse massacre: 1) que reformulem sim a Previdência, mas separando-as em categorias pública e privada para se chegar a um denominador final de quem é peso para quem. Ou então, mais simples, 2) que aprovem uma lei – será mais fácil e humana – para que o governo forneça, gratuitamente, uma cápsula letal e respectivas despesas funerárias a cada aposentado para acabar de vez com tanto sofrimento já que nem assistência médica condizente nos é concedida e cuja pensão não nos dá condições de sustentar um plano de saúde, com correções anuais sempre o triplo da que nos é concedida nos reajustes. Será, apenas, um golpe de misericórdia em cada idoso, pisoteado em sua dignidade e boa fé.
jrobertogullino@gmail.com