Instabilidade desligou sistema energético que abastece o Amapá

18/11/2020 12:42

A instabilidade no sistema elétrico do Amapá fez com que o fornecimento energético se desligasse, interrompendo o abastecimento para 13 das 16 cidades amapaenses por três vezes na noite dessa terça-feira (17). A informação sobre o novo blecaute que atingiu a capital, Macapá, ontem à noite, foi dada pelo Ministério de Minas e Energia, na manhã desta quarta-feira (18).

Segundo a pasta, o serviço foi interrompido às 20h27, após o repentino desligamento automático do transformador da subestação de Macapá e da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes, localizada na cidade de Ferreira Gomes (AP). A subestação é operada pela empresa privada Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), pertencente ao grupo Gemini Energy. Já a usina é explorada pela Centrais Elétricas do Norte (Eletronorte), uma subsidiária da estatal Eletrobras.

Outros dois desligamentos ocorreram às 21h03 e às 21h20, enquanto técnicos tentavam solucionar o problema. Ainda de acordo com o ministério, em função da instabilidade do sistema, demorou quase uma hora para que o serviço começasse a ser gradualmente restabelecido até atingir o mesmo patamar em que vinha operando antes do novo incidente, ou seja, com 80% da capacidade integral.

Segundo a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), que é responsável por distribuir a energia elétrica para todo o estado e é controlada pelo governo estadual, o novo problema só foi contornado por volta da 1h da manhã desta quarta-feira (18), mas devido ao sistema de rodízio implementado em razão do desabastecimento que desde a noite do último dia 3 afeta o Amapá, em alguns bairros só houve luz a partir das 4h.

As causas do problema desta terça-feira ainda estão sendo apuradas. Em nota divulgada ontem à noite, a LMTE informou que o novo apagão não teve origem na linha de transmissão e que não houve nenhum problema no transformador instalado na subestação de Macapá. Já a Eletronorte informou que o desligamento da Usina Coaracy Nunes ocorreu “em decorrência de um evento externo, provavelmente no sistema de distribuição de energia elétrica”.

A CEA não comentou a alegação da Eletronorte quanto ao problema ter origem na distribuição. Em nota, a companhia reforçou que as causas do blecaute desta terça-feira (17) estão sendo apuradas.

Incêndio

Desde a noite do dia 3, a população do Amapá enfrenta as consequências da falta de energia elétrica. O problema foi causado por um incêndio em um transformador da subestação da capital, Macapá, que acabou por ocasionar o desligamento automático nas linhas de transmissão Laranjal/Macapá e das usinas hidrelétricas de Coaracy Nunes e Ferreira Gomes, que abastecem a região.

O transformador que pegou fogo pertence à LMTE, do grupo Gemini Energy, que assumiu as operações da antiga Isolux, empresa espanhola que havia ganho a concessão deste e de várias outras obras e serviços públicos no país, mas que hoje está em processo de recuperação judicial.

O transformador incendiado foi destruído. E como outros dois equipamentos também foram danificados, não houve possibilidade de reaproveitamento das peças para religamento da subestação. Desde então, o Ministério de Minas e Energia montou uma força-tarefa para enfrentar a crise; a estatal Eletronorte assumiu o fornecimento emergencial de energia e até as Forças Armadas tiveram que ser mobilizadas para transportar equipamentos e suprimentos para o estado a fim de atender à população.

Laudo

Na quarta-feira (11), a Polícia Civil do Amapá divulgou o resultado de um laudo preliminar que aponta que, ao contrário do que a LMTE informou inicialmente, o incêndio no transformador da subestação de Macapá não foi causado por um raio, mas sim pelo superaquecimento em uma peça do equipamento. No mesmo dia, policiais civis cumpriram mandados de busca nas instalações da empresa, onde apreenderam documentos e realizaram novas perícias.

Na sexta-feira (13), a 2ª Vara Federal Cível do Amapá estendeu o prazo para que a LMTE restabeleça integralmente o fornecimento energético para todo o estado, sob pena de multa de R$ 50 milhões. 

Em nota divulgada nessa terça-feira (15), a empresa informou que um novo transformador deve chegar a Macapá nos próximos dias, e tão logo seja instado e comece a funcionar, permitirá que o serviço seja normalizado em poucos dias.

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