Internet das Coisas: o bom e ruim da revolução imposta pela tecnologia

02/03/2020 13:05

Estamos vivendo uma revolução silenciosa e que promete mudar a forma como fazemos tudo no cotidiano. Preparem-se, pois está em marcha a Internet das Coisas, que oferece chances reais para que o planeta possa criar, desenvolver e produzir novas tecnologias em um vasto leque de possíveis aplicações. No entanto, uma indagação surge no momento: A revolução, de fato, vai ou não tornar a vida da sociedade mais prática e menos ameaçadora? 

De uma forma bem simples, Internet das Coisas é o modo como os objetos físicos estão conectados e se comunicando entre si e com o usuário, através de sensores inteligentes e softwares que transmitem dados para uma rede. Como se fosse um grande sistema nervoso que possibilita a troca de informações entre dois ou mais pontos. O resultado disso é um planeta mais inteligente e responsivo. Agora é possível entender melhor como essas coisas funcionam, e como funcionam juntas para melhor nos servir. Mas de que “coisa” estamos falando? A resposta é qualquer coisa.

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Antes de tudo, para entender o que é essa revolução que caminha para mudar a forma de como fazemos tudo – do mais simples ao complexo –, é importante refletir sobre como tudo isso começou. Em 1991, Bill Joy, cofundador da Sun Microsystem, teve uma ideia de conectar objetos a partir do advento da explosão da internet. Naquele momento, Bill estudou formas de ir além de conectar um microcomputador a uma provedora: era necessário promover uma transformação das coisas através de “várias webs”.

De lá até os dias de hoje, o que se viu na transformação promovida, sobretudo na indústria da tecnologia, não tem parâmetro na história. Soluções criativas para problemas que vão desde a criação de um tênis inteligente com bluetooth, que vibra para ajudar a achar o caminho, até a geladeira inteligente que vem com aplicativo para manter a alimentação saudável são bons exemplos do que a transformação pode ajudar na vida cotidiana da sociedade. Por outro lado, inversamente proporcional aos benefícios trazidos, existem riscos reais que fazem qualquer um perder o sono. 

Visões antagônicas dão uma medida do que a Internet das Coisas são capazes de promover a transformação

Também conhecida como IOT (Internet of Things), a Internet das Coisas veio para ficar. Ela também traz uma mudança na vida profissional das pessoas. É o caso do friburguense Cláudio Rosa, que após três décadas dedicadas à engenharia resolveu apostar tudo na tecnologia. Hoje, ele é um dos nomes mais importantes do país sobre o tema. Integrado ao Serratec, Cláudio é daqueles que defende com unhas e dentes a aplicação individual e coletivo de soluções baseadas na Internet das Coisas.

“Eu gosto dessa coisa do tipo ´faça você mesmo´!”, disse o engenheiro, que atualmente, pode se dizer, é um arquiteto da tecnologia, pois ajuda a encontrar soluções para os mais diversos problemas cotidianos. Uma delas, de acordo com Cláudio Rosa, é o conceito de Smart City (Cidade Inteligente), em que se pode construir a chave para melhorar a condição do cidadão em uma cidade. E diz que o Brasil tem a capacidade de encontrar formas criativas de dar uma resposta às demandas da sociedade. “Podemos ter uma solução Made in Brazil para os problemas brasileiros. Basta que possamos usar nossa inteligência e criatividade para melhorar a condição do cidadão, com uso da tecnologia, a fim de gerar bem-estar e felicidade”, apontou ele, que sugeriu ao Serratec a promoção de um curso nos mesmos moldes da Residência de Desenvolvedores, promovido pela instituição e que garantiu empregos diretos a mais de 60 pessoas na indústria tecnológica local. O projeto deve sair do papel ainda neste ano e, certamente, pode ajudar a consolidar ainda mais a revolução que está em marcha.

O especialista em RH George Paiva. Foto: Divulgação

Com uma perspectiva mais humanista em relação à Internet das Coisas, a autoridade em Recursos Humanos, George Paiva, explicou que a IOT veio para facilitar a vida das pessoas através da inovação, sendo que defende o homem no centro da tomada de decisões. Ele não vê essa novidade como um tomador de empregos diretos, mas para inovar em setores cruciais da vida como a saúde, educação e tudo mais. “A Internet das Coisas veio para melhorar a condição de vida das pessoas e não necessariamente tomar empregos. Desde que o homem esteja no centro disso tudo”, comentou George, que em contrapartida defende investimentos pesados na educação para que o Brasil, especificamente, participe desse processo revolucionário e que portanto, ande em consonância com o que está ocorrendo no mundo.

O empresário Airton Coelho. Foto Roberto Márcio

Como nem tudo são flores em uma revolução, por outro lado, há ameaças que pairam no horizonte do mundo da tecnologia que não podem ser ignoradas. Especialista em cyber segurança e sócio da Petrópolis Future, Airton Vieira Coelho, alerta para as consequências do uso indiscriminado da Internet das Coisas, que por um lado traz uma boa resposta a problemas mas, por outro, abre portas para que hackers tomem conta de dispositivos e controlem as mais variadas ações. Ou seja, a exemplo das empresas que constroem os chamados veículos autônomos, estes poderiam ser controlados por criminosos virtuais. Ou então uma casa “smart”, na qual alguém pode provocar um acidente intencional aproveitando-se de brechas na segurança. Sobre a questão, Airton explica que as mudanças trazem os riscos na mesma medida.

“Todo o conceito da Transformação Digital vem trazendo ganhos expressivos de produtividade e novas oportunidades de negócios para as empresas e na vida das pessoas. Porém, por outro lado, aumenta os dispositivos conectados e com isto o desafio de manter estes ambientes seguros contra ataques cibernéticos. Não existe uma bala de prata, ou seja, um produto mágico que garanta 100% de segurança, pois trata-se de um desafio de alta complexidade, pois envolve em muitos casos vários dispositivos diferentes, diversos fabricantes e, em alguns casos, ausência de uma padronização mínima”, explicou Airton.

A criação de uma rede de segurança é, na opinião do especialista petropolitano, uma das formas de se defender contra as ameaças trazidas pela maior conectividade internacional. “Uma forma de minimizar os problemas futuros de segurança é adotar uma metodologia de Security by Design, ou seja, se preocupar com segurança desde a concepção do projeto, da escolha dos dispositivos e do que será conectado e como. Quando a proteção e segurança não é nativa, é necessário aplicar uma camada ou tecnologia para fazer a gestão da segurança daquele ambiente, minimizando assim as possíveis ameaças. A segurança em um ambiente de IoT não está restrito apenas à rede, dispositivos ou sensores, mas em todos os elementos envolvidos para que o projeto ou serviço funcione de forma adequada. Portanto, uma forma de minimizar os riscos é adotar uma avaliação ampla sobre todos os componentes que fazem parte da solução, como dispositivos, serviços de nuvem, aplicações, interfaces, softwares, identificação e autenticação, entre outros”, aconselhou Coelho.

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