Investigação mira Aécio: ele teria arquivado processo contra deputado

01/04/2020 07:36

O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Martins Vieira, são investigados por suposta interferência para arquivar processo criminal contra o deputado federal Dimas Toledo (PP-MG), ex-diretor da Furnas e antigo aliado do tucano. O caso é apurado sob sigilo e está no Supremo Tribunal Federal devido à prerrogativa do foro privilegiado dos parlamentares.

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Aécio teria agido para arquivar as investigações contra Toledo no Ministério Público e na Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os nomes de Marfan Martins Vieira e do delegado Fernando Veloso, ex-chefe da corporação, são citados por suposto conhecimento do esquema.

As investigações derivam da delação premiada do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, homologada em fevereiro pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo.

Segundo Vieira, as acusações são “levianas, inverídicas e temerárias, formuladas por um delinquente sem a menor credibilidade”. Em fevereiro do ano passado, o ex-procurador-geral de Justiça havia sido citado por Cabral durante depoimento ao Ministério Público Federal por suposta atuação pelo arquivamento de processos relacionados ao ex-governador.

Em troca, Cabral disse aos procuradores que atuaria para reconduzir Vieira à chefia da promotoria fluminense.

À época, Marfan Vieira afirmou não haver nexo entre os motivos alegados por Cabral e a sua nomeação. O ex-procurador-geral ocupou a chefia do Ministério Público fluminense entre 2013 a 2017, entre as gestões de Cabral e Luiz Fernando Pezão.

Dimas Toledo e Aécio Neves também são investigados na Lava Jato por propinas da Odebrecht e da Andrade Gutierrez. O tucano foi acusado pela PF de receber R$ 65 milhões em vantagens indevidas entre 2008 e 2011, período em que ocupou o cargo de governador de Minas Gerais e senador federal.

Toledo agia como intermediário dos pagamentos, e foi indiciado por corrupção passiva.

Na época do Mensalão, Toledo ficou conhecido pela chamada “Lista de Furnas”, que apontaria o nome de 156 políticos de oposição supostamente beneficiados com recursos da estatal via caixa dois nas eleições de 2002.

O ex-diretor também foi delatado por Ricardo Assaf na Operação Descarte como suposto beneficiário de R$ 3,7 milhões de um total de R$ 40 milhões desviados da Companhia Energética de Minas (Cemig).

O gabinete do deputado afirmou que “não tem conhecimento de nenhum processo ou investigação contra si instaurado no Rio de Janeiro e jamais respondeu por qualquer fato relacionado ao seu mandato junto ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro”

Em nota, o criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio Neves, afirma desconhecer completamente o assunto e “lamenta, mais uma vez, o vazamento seletivo e parcial de informações sem que o acusado, por desconhecer a acusação, possa se defender”.

O delegado Fernando Veloso disse que desconhece “qualquer fato como esse e eu jamais intervi em investigação nenhuma”.

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