IPCA-15 menor e Petrobras estimulam alta do Ibovespa, após 6 quedas

28/maio 11:30
Por Maria Regina Silva / Estadão

O Ibovespa abriu em alta nesta terça-feira, 28, após seis quedas consecutivas. A alta ocorre em meio à valorização do petróleo, após a entrevista da nova presidente da Petrobras na noite de ontem e na esteira do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de maio menor do que o esperado pelo mercado.

Na segunda-feira, o principal indicador da B3 fechou em alta de 0,15%, aos 124.495,68 pontos.

Em Nova York, as bolsas operam perto do zero a zero, na volta do feriado na véspera, com os investidores em busca de sinais sobre a política monetária dos EUA. Há instantes, o presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em Minneapolis, Neel Kashkari, disse que é preciso mais confiança para que o Fed comece a cortar juros.

Após avançar 0,72%, com máxima aos 125.392,39 pontos, o Ibovespa perdeu força, diante da virada para baixo de alguns índices das bolsas americanas. Às 11h18, subia 0,13%, aos 124.652,22 pontos, após abertura aos 124.498,09 pontos, com variação zero, mesmo nível da mínima.

Para Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, o IPCA-15 de maio menor do que o esperado alivia pontualmente, mas é insuficiente para influenciar todo o Ibovespa.

“O mercado ficou muito pesado nos últimos dias e tenta recuperar parte das últimas quedas. Por mais que o IPCA-15 seja positivo, é o rumo dos juros americanos que tende a pesar mais sobre a decisão da política monetária interna. Temos de ver como virão o CPI e o PCE dos EUA à frente”, diz Ramos, ao referir-se aos índices de preços ao consumidor de maio, que deve sair no meio do mÊs de junho, e do índice de gastos com consumo, que sairá nesta sexta, pela ordem.

Diante da queda de 2,11% do minério de ferro em Dalian, na China, as ações da Vale cediam 0,90% perto das 11 horas. Já os papéis da Petrobrás subiam entre 1,51% (PN) e 1,01% (ON).

Ontem, em sua primeira entrevista como presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reforçou o compromisso com a política de preços da estatal, prometeu “tempestividade, agilidade e efetividade” à frente da estatal. No entanto, não deu detalhes a respeito da política de dividendos. “Assumi sexta-feira, ainda vou ter de olhar (dividendos) com mais carinho”, chegou a dizer.

Algumas ações mais sensíveis ao ciclo econômico ficam no radar, após o IPCA-15 de maio e em meio ao recuo dos juros futuros.

Embora tenha acelerado a 0,44%, o dado ficou menor do que a mediana de 0,47% das projeções. Neste sentido, pode aliviar as pressões sobre o Banco Central (BC), dadas as recentes acelerações nas expectativas de inflação. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula 3,80% (de 3,77%).

Na avaliação do economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, a dinâmica benigna do IPCA-15 é uma boa notícia no curto prazo, mas não reduz as preocupações expressas pelo Banco Central em relação à deterioração do balanço de riscos para a inflação, em especial, a desancoragem das expectativas de inflação e as incertezas fiscais.

Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, do ponto de vista qualitativo, a leitura do IPCA-15 foi melhor do que o esperada. A melhora quase que disseminada nos núcleos segue reforçando um cenário desinflacionário robusto no curto prazo, avalia em relatório.

Além disso, Cadilhac acrescenta que quando se avalia diferentes métricas, boa parte tem oscilado próximo à meta de 3,0% na média dos últimos três meses. “A principal exceção fica com os itens mais sensíveis à força da economia e, portanto, relevantes para o Copom, que têm oscilado ao redor de 5%. Dito isso, aos olhos dos juros, fica claro que o nosso desafio não é a inflação corrente, mas as expectativas à frente”, afirma o economista do PicPay.

Dentre as ações ligadas ao consumo, Pão de Açúcar ON e Vamos ON puxavam o grupo das oito maiores elevações, com ganhos de 5,48% e 3,43%, respectivamente.

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