Iphan exige reconstituição arquitetônica de casa que pertenceu a Aguinaldo Silva

12/03/2017 07:00

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) briga na Justiça pela reconstituição arquitetônica do casarão da Avenida Ipiranga que pertenceu ao dramaturgo Aguinaldo Silva. O processo, que está em mãos da Procuradoria Federal do órgão, exige a reconstrução de jardins e a recuperação das características antigas do imóvel.

A polêmica envolvendo o casarão já dura três anos. A residência passou por algumas alterações no início de 2015, enquanto ainda pertencia ao dramaturgo. O objetivo era abrir no local um centro cultural de artes unificadas, que abrigaria espaço de lazer e cultura para o público. No entanto, as obras acabaram em desacordo com o projeto inicial, que havia sido aprovado pelo Iphan, e acarretaram na descaracterização do local, que segundo o órgão impacta também em todo o conjunto arquitetônico da Avenida Ipiranga, uma das mais importantes do Centro-Histórico da cidade. 

“Fizeram ali alterações que precisam ser corrigidas imediatamente. Houve modificação dos jardins, da estrutura do local. Fizeram um estacionamento enorme em detrimento do espaço que havia na entrada. E tudo isso está em desacordo com o que era para ser feito, conforme projeto aprovado pela  antiga gestão do Iphan”, explicou Fernanda Zucolotto, chefe Escritório Técnico do Iphan de Petrópolis. 

As obras foram embargadas pelo órgão logo depois das alterações terem chamado atenção dos fiscais do Iphan. E depois de toda polêmica, Aguinaldo acabou desistindo de intervir e vendeu o imóvel. 

“Pelo que temos de registro aqui, ele vendeu o imóvel e a responsabilidade de recuperação passou a ser do novo proprietário, já que ele assumiu o casarão que estava em desacordo com as normas de preservação”, explicou Fernanda. 

Foi feito um projeto completo de recuperação, incluindo o agenciamento paisagístico, e todos os ajustes necessários para que o novo proprietário colocasse em prática. No entanto, segundo o órgão, as obras não começaram. “Aguardamos agora o início da obra, que não aconteceu. Já tínhamos mandado uma série de notificações, mas todas elas sem retorno. Então agora o processo corre na Justiça, com o nosso procurador, para que o novo dono repare os danos causados à casa”, completou a chefe do escritório. 

A Tribuna tentou contato com o proprietário do imóvel, por telefone, mas não obteve sucesso.

Outro impasse

Um outro casarão que também fica numa área nobre do Centro Histórico também enfrenta impasse para recuperação. A diferença é que a casa, construída em 1874, está abandonada há décadas e necessita de uma intervenção urgente. Uma ação na justiça, que era a esperança do Iphan para conseguir a recuperação do imóvel, foi perdida porque os proprietários alegaram hipossuficiência financeira para realizar a obra e manutenção da casa, que fica na Praça da Liberdade. 

“O Iphan tinha entrado com essa ação para que eles restaurassem a casa. Mas nós perdemos por conta deles não terem condições de cuidar da casa. Então tentamos colocar essa casa num programa, levantando verba para fazer o projeto de restauração”, explicou a chefe do Iphan. Segundo ela, ainda não há expectativa de avanços na recuperação da casa. “Tudo isso exige muito dinheiro, e o ideal era que os proprietários tomassem essa atitude”, contou Fernanda. 



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