Irã executa 1ª pessoa condenada à morte por participação em onda de protestos

08/12/2022 08:14
Por Estadão

Autoridades do Irã executaram nesta quinta-feira, 8, o primeiro condenado à morte por participar dos protestos que abalam o país desde meados de setembro deste ano. Mohsen Shekari foi executado no início da manhã depois de ter sido condenado à morte em 29 de novembro.

Segundo as autoridades iranianas, o homem teria “ferido um membro da força de segurança islâmica com uma faca, bloqueado uma rua e criado terror em Teerã”, informou a agência de notícias iraniana Mizan. Esses crimes acarretaram a sentença chamada de “guerra contra Deus”, que é punível com a pena de morte, como foi o caso.

A agência, administrada pelo Judiciário do país, ainda indicou que o executado confessou, durante o julgamento, ter recebido “pagamentos” por agredir policiais e que por isso esfaqueou o agente, que precisou de 13 pontos após o ataque. As execuções por pena de morte no Irã geralmente ocorrem por enforcamento, informou a imprensa local.

Shekari é o primeiro manifestante a ser executado por sua participação nos protestos que abalam o Irã desde a morte da jovem Mahsa Amini, que estava sob custódia da Polícia Moral após supostamente usar o lenço islâmico de forma inadequada. Os protestos começaram com a morte da jovem curda de 22 anos, mas evoluíram e agora as reivindicações incluem o pedido pelo fim da República Islâmica, fundada pelo aiatolá Ruholá Khomeini em 1979.

Até o momento, 11 pessoas foram condenadas à morte por participarem das mobilizações. Há ainda um número indeterminado de penas de prisão proferidas pelas autoridades judiciais do Irã. A Anistia Internacional (AI) denunciou que pelo menos 28 dos 2 mil réus dos protestos enfrentam sentenças de morte. Em quase três meses de protestos, mais de 400 pessoas morreram e pelo menos 15 mil foram detidas, de acordo com a ONG Iran Human Rights, com sede em Oslo.

Recentemente, após meses de protestos no país, o Irã chegou a anunciar a abolição da polícia da moralidade. Um comunicado foi divulgado pelo procurador-geral e veiculado na mídia estatal. No entanto, ativistas e observadores dos direitos humanos denunciaram que esse anúncio seria apenas uma estratégia de desinformação e que não diminui a repressão do regime teocrático contra os manifestantes e as mulheres do país.

Relatos de Teerã apontam que a patrulha moral continua nas ruas da cidade, e meios de comunicação estatais questionam se o anúncio feito pelo procurador-geral do país tem validade perante o governo islâmico. (Com agências internacionais).

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