Israel: pesquisas mostram avanço da extrema direita no Parlamento

01/11/2022 08:05
Por Renato Vasconcelos / Estadão

Embora a eleição em Israel pareça uma repetição das cinco votações realizadas nos últimos quatro anos, com partidos e lideranças que se repetem, ao menos uma nova tendência desponta nas pesquisas atuais. Sondagens captaram uma consolidação da extrema direita, inspirada no movimento kahanista, que deve se consolidar como a terceira força do Parlamento israelense.

A coalizão formada pelos partidos Poder Judaico e Sionismo Religioso alcançou uma média estável de votos nas pesquisas da semana passada, com uma projeção de ganhar entre 11 e 14 assentos no Parlamento.

Caso seja confirmado o resultado, isso vai significar um número quase duas vezes maior do que o obtido na última eleição, quando as siglas concorreram juntas pela primeira vez, e garantiram 6 cadeiras – as primeiras de uma aliança de extrema direita nos 78 anos de história do Estado de Israel.

Herdeiros do movimento fundado pelo rabino Meir Kahane – que pregava uma vertente de eugenia racial judaica -, enquanto seu partido, o Kach, estava na legalidade, nos anos 80, eles defendem pautas como a expulsão de árabes e a proibição de relações sexuais entre judeus e não judeus, o que é frequentemente descrito por pesquisadores como uma forma de “fascismo judaico”.

Os partidos defendem ainda agendas ultranacionalistas, como a anexação total da Cisjordânia, o cancelamento dos Acordos de Oslo e o status diferenciados para judeus e não judeus no país, com alguns de seus líderes envolvidos em episódios de violência contra árabes e judeus moderados.

RADICAIS. Encabeça a lista da coalizão extremista o líder do Poder Judaico, Itamar Ben-Gvir, deputado eleito em 2021 e um conhecido agitador político, que já foi preso pela polícia israelense em episódios de desacato e violência.

O número dois da lista da coalizão e líder do partido Sionismo Religioso, é Belezal Smotrich, que chegou a integrar o gabinete de Binyamin Netanyahu como ministro dos Transportes, entre 2019 e 2020.

Assim como Ben-Gvir, Smotrich se tornou alvo de contestação em diversos eventos envolvendo a defesa de pautas ultranacionalistas, como a tomada total do território da Cisjordânia, e por falar abertamente que os cidadãos judeus-israelenses merecem status de cidadania superior.

Certa vez, ele sugeriu que os hospitais do país mantivessem enfermarias separadas para judeus e árabes para que “mulheres judias não tivessem de dar à luz ao lado das palestinas”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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