Itália: debate no Parlamento deve ajudar a definir se Draghi continua como premiê
A Itália viveu dezenas de governos desde o fim da Segunda Guerra Mundial e está acostumada a crises políticas. Mas o tumulto que agora agita seus partidos políticos está se desenrolando de maneira diferente, já que o futuro do primeiro-ministro Mario Draghi como líder do país está em jogo. O resultado do debate na legislatura na quarta-feira, 20, ajudará a determinar se ele vai ou não permanecer no cargo.
A convite do presidente Sergio Mattarella Draghi deve explicar ao Parlamento por que quer renunciar e os legisladores, assumir suas posições no debate.
Draghi ofereceu sua renúncia na semana passada depois que um parceiro da coalizão, o populista Movimento 5 Estrelas, boicotou uma importante votação no Senado. Mas Mattarella se recusou a aceitar, pelo menos por enquanto. O premiê, que não é um político, comandou um governo incomum de “unidade nacional” durante 17 meses, que reúne rivais, incluindo partidos de direita, centro e esquerda. Ele ganhou status de estadista na Europa Ocidental por seu firme apoio por ajuda à Ucrânia e por seus esforços para aprovar reformas econômicas.
Em contraste marcante com muitas crises políticas anteriores na Itália, que os cidadãos ignoraram, desta vez muitos italianos estão implorando a Draghi para ficar. Se o ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) não puder ou não quiser reviver sua coalizão, eleições antecipadas podem ser o resultado. Até esta segunda-feira, 18, uma petição online “Draghi, fique” tinha mais de 100 mil assinaturas e centenas de cidadãos participaram de movimentos pró-Draghi em Roma, Milão e outras cidades italianas.
A crise chega em um momento particularmente crucial para a Itália e a Europa. A alta inflação e o aumento vertiginoso dos custos de energia estão castigando os consumidores e a indústria. E Draghi se posicionou como um dos mais firmes apoiadores da ajuda militar e outros auxílios da Europa para a Ucrânia. Com reveses políticos para o líder britânico Boris Johnson e o presidente francês, Emmanuel Macron, e a ausência da líder alemã de longa data Angela Merkel ainda muito sentida no continente, Draghi se estabeleceu como uma voz confiável e autoritária da Europa. O primeiro-ministro também manteve o rumo na entrega das reformas exigidas pela União Europeia como condições para 200 bilhões de euros em ajuda à recuperação da pandemia. Fonte: Associated Press.