José dedurou Pedro, que entregou João…

16/12/2016 09:00

Ufa! Alcaguetaram até sua excelência. Alcaguetagem ou colaboração? A verdade é que  a alcaguetagem, chamada simpaticamente no mundo jurídico de delação ou colaboração premiada, realmente tem ajudado o trabalho do Judiciário, e muito.

Os delatores têm sido importantes, quando se trata do chamado crime do colarinho branco e quando este tem pela frente o julgamento competente do juiz Sérgio Moro, que, data vênia, tem tirado o sono e o sossego de muita gente boa, como já acontecera antes, no Supremo Tribunal Federal, com Joaquim Barbosa.

A Operação Lava Jato não estava no script. Surgiu tão inesperadamente que pegou muito peixe graúdo de surpresa. Parlamentares e grandes executivos acostumados ao crime e à ingerência na Justiça se surpreenderam ao verem seus “direitos” costumeiros de impunidade violados. O povo adotou a Operação Lava Jato como um valor, um bem maior, um vislumbre de Justiça tão raro em nossa sociedade. E agora? 

Nas mãos do Dr. Sergio Moro não existem fidelidade partidária, nem grandes amizades. O negócio é colaborar, visto que “ladrão que alcagueta ladrão”… Ou criar leis que impeçam o trabalho da Justiça. No último caso, correr para o Supremo, ambição de muitos poderosos. Sonhar é um direito, mas o Supremo é pra quem pode, pois o foro privilegiado é uma bênção. A morosidade desse tribunal superior para a elucidação de crimes cometidos por agentes políticos e servidores públicos está virando marca registrada. Justamente num momento em que o brasileiro espera uma ação célere, responsável e competente, pois a máfia dos peixes graúdos está tirando todos os nossos pertences. 

A criminalidade está sufocando a classe trabalhadora. O homem que vive de seu suor está abandonado à própria sorte, dependendo do lugar onde mora, sai para o trabalho, mas não sabe se volta com vida. Seus direitos básicos, como a vida, a saúde e a moradia dentre outros foram subtraídos. Certeza só a de que tem que contribuir, também, para a sua própria pilhagem. O crime, que deveria ser combatido nos dois níveis, de cima para baixo e de baixo para cima, principalmente de cima para baixo, visto que nossos exemplos deveriam vir de cima, está inversamente sendo combatido de baixo para mais baixo ainda. Como dizer que sua excelência delinquiu porque teve como exemplo um trombadinha de rua. Pensando bem: e as merendas? O que existem são promessas de mais leis. Para que mais leis? Se já temos tantas que, se preciso fosse, daria até para prender o presidente do Congresso Nacional. Queremos, sim, promessas ao menos promessas, querer mais do que isto seria utópico. Para não ser injustos, devemos reconhecer que uns poucos estão se empenhando para mudar essa situação. Esses são realmente nossos belos exemplos. 

Como não sou o último romântico, o que me anima, e que também não sou o último honesto, existem tantos outros à minha volta então, rezo para São Moro. Já que Joaquim não foi canonizado.

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