Kennedy e a Piabanha

17/12/2016 12:25

Já escrevi, não recordo quando, sobre a falta de zelo pela correta informação acerca do quadro urbano no qual vivemos. Muitos habitantes do Município e mesmo alguns da rua Piabanha, continuam a viver em mundo paralelo, não sabendo onde estão por desconhecimento da nomenclatura urbana de Petrópolis.

Vejo, diariamente, no noticiário da imprensa e em algumas placas junto a portões em residências da rua Piabanha, também em folhetos promocionais de empresas, como em cartões de visitas de moradores, o designativo da artéria como rua Presidente Kennedy.

Voltemos até a fase imperial de Petrópolis para relembrar que a rua Piabanha era conhecida por Nassau, como uma das principais vias do Quarteirão Nassau, este abrangendo as ruas Frei Luís, Frei Rogério, Fabrício de Matos, Paulino Afonso, Carlos Gomes, Montecaseros, Sete de Abril e Piabanha.

Quando ocorreu a queda do Império, com o golpe militar que instaurou a República, nas palavras da querida e inesquecível professora Yedda Maria Lobo Xavier da Silva, em artigo na Revista do Instituto Histórico de Petrópolis, volume do cinquentenário, 1988, operou-se substancial modificação na nomenclatura urbana de nossa cidade. Diz Yedda: “Quando se fez a República, não houve cidade ou lugarejo por este imenso Brasil, que deixasse de substituir a antiga nomenclatura de suas ruas pelos novos expoentes da política nacional”.

Cumprindo ordens do governo estadual, a Câmara Municipal de Petrópolis editou a Resolução de 5 de dezembro de 1889, alterando designativos das ruas Imperador (passou a 15 de novembro), Imperatriz (passou a Sete de Setembro), Princesa D. Januária (passou a Marechal Deodoro), Princesa D. Francisca (passou a General Osório), Princesa Isabel (passou a 13 de Maio), Princesa D. Leopoldina (passou a 7 de abril), Príncipe do Grão-Pará (passou a praça da Inconfidência) e Nassau (passou a Piabanha em lídima homenagem a Petrópolis). No decorrer dos anos de 1890 a 1896, foram alteradas muitas denominações que homenageavam figuras, datas e fatos do período imperial.

Pois muito bem. Sobre a rua Piabanha, Vamos lá corrigir as informações sobre o atual nome da rua.

Quando faleceu o presidente norte-americano J. F. Kennedy, de forma trágica, foi imensa a comoção mundial. Pelo mundo ocorreram muitas homenagens ao político, com topônimos urbanos sob batismo de seu nome. Por aqui o vereador Prof. Dr. Paulo Machado da Costa e Silva apresentou o projeto legislativo nº1094/63 denominando Avenida Presidente Kennedy a rua Piabanha, ocasionando a Deliberação nº 1823, de 3 de dezembro de 1963 firmada prefeito Flávio Castrioto. Assim, vestia-se um santo e desnudava-se outro.

Sem questionar a homenagem, que vinha no bojo da emoção mundial, a rua Piabanha passar para Kennedy foi infeliz; poderia ter sido escolhido um outro sítio urbano, mas, nunca, a bela, romântica e consagrada via de passagem do autóctone rio Piabanha, um dos encantos de nosso traçado urbanístico.

Assim ficou algum tempo, até que o vereador Carlos Alberto Vieira Mendes, o querido edil “Mundial”, resolveu corrigir o erro e restabelecer a denominação histórica. Aprovada a proposta, a Câmara Municipal editou a Lei nº 4.152, em 4 de janeiro de 1983, que substanciava: “Fica restabelecida a denominação de Avenida Piabanha ao logradouro hoje denominado avenida Presidente Kennedy, revogando-se a Deliberação nº 1823 de 3 de dezembro de 1963”. Firmou o documento o presidente vereador Nilson Platt Filho.

E, aí está. Corrijam-se quantos detêm e informação equivocada e, convenhamos, Piabanha é Petrópolis e presidente Kennedy apenas uma lembrança histórica não inserida em nosso sentimento e em nossa memória histórica municipal, regional e nacional.

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