Kitesurfista de Itanhaém obtém feito inédito e sonha com mundial em Cabo Verde

16/03/2023 18:02
Por Marcos Antomil / Estadão

O kitesurfe é uma modalidade que tem crescido mundialmente, expandindo seu número de participantes e relevância esportiva. As características naturais do Brasil favorecem a prática do kite em diversas regiões, de São Paulo ao Ceará. Assim, o País revela seu potencial de apresentar novos nomes para a modalidade. Um dos principais é Gabriel Benetton, jovem de 18 anos que carrega marcas históricas na curta carreira.

Benetton foi campeão mundial júnior e vice-campeão mundial do GKA Kite World Tour 2022, melhor marca para um estreante na modalidade na história. Agora, Benetton se prepara para mais um desafio, que começa nesta sexta-feira: o campeonato mundial em Cabo Verde, na Ilha do Sal, um dos principais palcos do kite.

Para se preparar melhor para o desafio, Benetton viajou com duas semanas de antecedência para Cabo Verde, a fim de se adaptar às águas e ao vento. “Muita gente acha que não, mas o vento em cada lugar é diferente. Você tem de usar um tamanho de pipa diferente e prancha.”

Nascido em Santos, Benetton passou a vida toda em Itanhaém, litoral sul de São Paulo, onde começou a praticar o kitesurfe. “Comecei muito cedo a surfar com meu pai, com quatro anos. Aos sete, fui para o wakeboard e competi na modalidade, mas chegou em um momento em que perdi a vontade de me dedicar ao esporte. Depois fui apresentado por um amigo ao kite e quando coloquei a primeira pipa no alto, fiz a aula e me apaixonei.”

Benetton se dedica a duas disciplinas que se baseiam na realização de manobras: kite wave e strapless. Na onda, os movimentos são mais tradicionais, semelhantes ao surfe, enquanto no strapless, com a prancha solta no pé, há maior liberdade para executar as manobras, que com a ajuda do vento alcançam mais de 20 metros de altura. “Eu já consegui chegar a uma altura de 21 metros, com a prancha solta. A coragem vem por estar desde pequeno conectado com o mar, seja surfando, pescando, a gente fica confortável.”

Nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, o kite estará presente pela primeira vez, mas associado à vela, em classes diferentes às praticadas pelo brasileiro, focadas na velocidade, como uma regata. O jovem afirma que não tem interesse em mudar de categoria e espera que em breve o programa olímpico inclua sua classe.

“Todo mundo me pergunta se vou mudar, mas é uma modalidade que teria de estar inserido há muito tempo, para poder ter a confiança de competir por uma vaga olímpica. Se entrar minha modalidade futuramente, é certo que vou me esforçar para conseguir participar dos Jogos”, disse Benetton.

Benetton passa alguns meses do ano no Ceará. Na região de Jericoacoara, há praias muito favoráveis para o kite. Com o apoio de patrocinadores, o jovem consegue financiar seus treinamentos longe da casa dos pais e realizar as viagens para os torneios internacionais.

“Tenho uma expectativa muito boa e acredito que posso ter uma vantagem boa, especialmente nas manobras em que me vejo mais consistente. Mas tenho de saber lidar com essa pressão e com o que esperam de mim. Eu que me coloquei nessa condição, escolhi ser profissional do esporte. Sob pressão, rendo bem mais”, afirma.

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