“La Traviata” de Verdi abre nesta sexta o Festival Ópera na Tela no Cine Itaipava
Em sua quinta edição, o Festival Ópera na Tela volta a Petrópolis e desta vez no Cine Itaipava com as obras “La Traviata”, “A Viúva Alegre”, “Orfeu e Eurídice” e “Rigoletto” (confira dias e horários na programação de cinema). A edição 2019 do festival Ópera na Tela leva ao público a experiência de assistir às montagens mais grandiosas da ópera em tela gigante, com alta qualidade de som e imagem, cadeiras confortáveis e preços acessíveis.
De acordo com os curadores e diretores do festival, Emmanuelle e Christian Boudier, Giuseppe Verdi é um dos grandes homenageados desse ano, com a exibição de algumas de suas mais famosas composições de ópera. Destaque para a “A Traviata”, apresentação que marca a estreia do diretor Simon Stone – um dos mais notáveis no teatro hoje – na Ópera Nacional de Paris.
Destaque também para “Rigoletto”, outra obra muito popular encenada no deslumbrante palco flutuante do Festival de Bregenz, com uma engenharia espetacular. O Ópera na Tela traz ainda obras de Christoph Willibald Glück (“Orfeu e Eurídice”, da Ópera de Milão, com o famoso tenor peruano Juan Diego Floréz) e de Franz Lehár (“A Viúva Alegre”, da Ópera de Paris), com a presença do barítono brasileiro Paulo Szot no papel masculino principal.
Giuseppe Verdi e sua obra
Um dos mais célebres títulos do repertório operístico, La traviata faz parte, com Rigoletto (1851) e Il trovatore (1853) da “trilogia popular” que conferiu a Verdi, ainda em vida, uma glória internacional incontestável. Em janeiro de 1852, Verdi escreveu a Antonio Barezzi, seu padrasto: “(…) Não tenho nada a esconder. Uma mulher mora comigo. Ela é livre, independente, ela aprecia, como eu, uma vida solitária que a coloca a salvo de qualquer obrigação. Nem eu, nem ela, temos contas a prestar a ninguém”.
Biógrafos do compositor costumam chamar atenção para a semelhança entre a situação e os personagens dessa ópera e a vida de Verdi e de sua companheira, Giuseppina Strepponi, os dois às voltas com a hostilidade de uma burguesia devota. No caso de Verdi, a obra evoca também sua dificuldade em se livrar do domínio do pai, Carlo Verdi. Porém, se ele encontra no tema de “A dama das camélias” um eco de sua situação pessoal, Verdi não pretende fazer uma obra autobiográfica.
Deixando de lado os temas históricos de suas óperas anteriores para se concentrar em um assunto mais intimista, ele provoca a consciência de seu público ao lhe apresentar outra forma de heroísmo, fazendo, acima de tudo, uma crítica à sociedade moralista do século XIX. O heroísmo é na obra de natureza privada: o de uma mulher rotulada como “perdida, extraviada” (“traviata”) por uma sociedade que a utiliza e que só a tolera na medida em que ela se conforma a esse papel. Acreditando ingenuamente poder – por amor – ser salva da condição de “pervertida” na qual se vê aprisionada, Violetta acaba conseguindo sua redenção por meio da morte, após sacrificar esse amor. Só assim serão preservadas a honra e a moral da família “respeitável” que a rejeitou e da qual só obtém alguma benevolência pelo fato de ter morrido.
Prejudicada por um elenco mal escolhido, na sua estreia a ópera esbarrou na incompreensão do público, perplexo também com um drama romântico de caráter intimista, privado do distanciamento heroico tradicional e apoiado em um realismo musical nada convencional. Contudo, nas apresentações seguintes La traviata conquistou o reconhecimento por suas qualidades, vindo a se tornar no século XX uma das óperas mais encenadas em todo o mundo. A obra de Verdi se beneficiou do talento de intérpretes excepcionais, como Maria Callas e Renata Scotto, capazes de aliar suas proezas vocais a qualidades dramáticas, como é o caso, mais recentemente, de Anna Netrebko.
Repete-se sempre que não existe papel mais completo no repertório para sopranos do que o de Violetta. Não é, portanto, mero acaso, que tenha sido também o papel que serve de medida pela qual – historicamente – a maior parte das sopranos têm sido avaliadas. Efetivamente, Violetta exige de qualquer soprano um domínio absoluto não apenas do aspecto vocal, como também do teatral. Ela passa em revista todas as gamas do sentimento humano, do amor ao ódio, da alegria à morte. O perturbador arioso “Ah! Fors’è” exige precisão e um longo fôlego, enquanto o célebre “Sempre libera” requer uma técnica perfeita em vista das dificuldades que apresenta: escalas, arpejos, trinados, vocalizes, até os agudos mais difíceis, tudo num tempo acelerado. O segundo e o terceiro atos exigem um grande lirismo para transmitir a expressividade da música de Verdi. (Fonte: www.operanatela.com)
Simon Stone gosta de abordar de forma ousada as peças do repertório de modo a trazê-las para territórios mais íntimos. Com La traviata, esse diretor, entre os mais destacados da cena teatral da atualidade, faz sua estreia na Ópera Nacional de Paris.
Programação:
01/11 – 21h – La Traviatta
02/11 – 21h – A Viúva Alegre
08/11 – 21h – Orfeu e Eurídice
09/11 – 21h – Rigoletto
O Cine Itaipava fica no Shopping Estação, na Estrada União e Indústria, 11.000 – Itaipava