Lava-jato: PF divulga nomes de executivos do Grupo Petrópolis que tiveram a prisão decretada

01/08/2019 12:00

A sede da Cervejaria Itaipava, no distrito de Pedro do Rio, foi um dos 33 endereços alvos de mandados de busca e apreensão emitidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná, responsável pela força-tarefa da 62ª fase da Operação Lava-Jato. Também foram emitidos um mandado de prisão preventiva para o dono do Grupo Petrópolis, Walter Faria, e mandados de prisão temporária para Cleber da Silva Faria, Vanue Antônio da Silva Faria, Maria Elena de Souza, Naede de Almeida e Silvio Antônio Pelegrini. Denominada Rock City, a operação, que é realizada em cooperação com o Ministério Público Federal e a Receita Federal, foi deflagrada nessa quarta-feira (31). 

Segundo a Polícia Federal, três executivos ligados ao grupo foram presos nas cidades de Itu, Boituva e Porto Feliz, no estado de São Paulo, mas os seus nomes não foram divulgados. Na residência de um deles também foram apreendidos R$ 243.355 em dinheiro. Todos foram levados para Superintendência da Polícia Federal no Paraná, para ser interrogados. O empresário Walter Faria não foi encontrado.

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Já os mandados de busca e apreensão tinham como foco mídias, celulares, HDs, documentos e contratos, mas não foi especificado o que foi apreendido na Cervejaria Itaipava. Além dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, os mandados de busca e apreensão também foram cumpridos no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Também foi determinado o bloqueio de ativos financeiros dos investigados.

A Polícia Federal (PF) investiga o pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais pelo Grupo Petrópolis. De acordo com a PF, o grupo também teria auxiliado a empreiteira Odebrecht a pagar valores ilícitos, por meio da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior.

De acordo com a PF, Faria já estava envolvido em outras investigações da Lava Jato, como o envolvimento com o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, mas que movimentações recentes de recursos de offshore indicariam tentativa de dissipação de patrimônio adquirido de maneira ilícita. Isso motivou o pedido de prisão e a deflagração da operação de hoje.

No total, Walter Faria e outros executivos do Grupo Petrópolis teriam atuado na lavagem de cerca de R$ 329 milhões de reais em contas fora do Brasil e movimentado US$ 106 milhões em operações no exterior, segundo o Ministério Público Federal.

Um dos executivos da Odebrecht, em colaboração premiada, afirmou que utilizou o Grupo Petrópolis para realizar doações de campanha eleitoral para políticos de outubro de 2008 a junho de 2014, o que resultou em dívida não contabilizada pela empreiteira com o grupo investigado, no valor de R$ 120 milhões. Em contrapartida, a Odebrecht investia em negócios do grupo.

A suspeita da força-tarefa da Lava Jato é que offshores relacionadas à empreiteira realizavam – no exterior – transferências de valores para offshores do Grupo Petrópolis, o qual disponibilizava dinheiro em espécie no Brasil para realização de doações eleitorais.

Também foi apurado que Walter Faria utilizou o programa de repatriação de recursos do exterior de 2017 para trazer R$ 1,3 bilhão ao Brasil. Contudo, de acordo com a PF, há indícios de que essa movimentação tenha sido irregular e que os recursos seriam provenientes da prática de “caixa dois” na empresa.

Para a PF, o esquema desenvolvido com o Grupo Petrópolis é uma das engrenagens do aparato montado pela Odebrecht para movimentar valores ilícitos.

O nome da operação traduzido para o português é “Cidade de Pedra”, significado que remete ao nome do grupo investigado.

O Grupo Petrópolis é dono de marcas de cerveja como Itaipava, Crystal e Petra, além de vodkas e outras bebidas não alcoólicas. Em nota, a empresa informou que “seus executivos já prestaram anteriormente todos os esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes” e que “sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos”.

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