Lava Jato RJ: operação Marakata apura crimes em transações com pedras preciosas

04/09/2018 16:30

Mais um esquema criminoso da organização do ex-governador Sergio Cabral é o foco da investigação do Ministério Público Federal (MPF), da Polícia Federal (PF) e da Receita Federal, que deflagraram, na manhã desta terça-feira (4), a Operação Marakata. Atuando no Rio de Janeiro e na Bahia, foram cumpridos cinco mandados de prisões preventivas e feitas buscas e apreensões em endereços de nove pessoas e três empresas. O alvo é um esquema de comércio ilegal de esmeraldas e outras pedras preciosas e semipreciosas envolvendo evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Entre 2011 e 2017, há registros de que as transações desse esquema em duas contas internacionais movimentaram cerca de US$ 44 milhões – o que será aprofundado nas investigações do MPF, PF e Receita Federal.

Essa operação da Força-tarefa Lava Jato/RJ é um desdobramento da Câmbio, desligo, que revelou a capilaridade da rede de negócios de Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, cujo sistema paralelo de compensações conciliava interesses de clientes de doleiros distintos (transações eram feitas fora do alcance de autoridades, a fim de lavar rendimentos da corrupção, sonegação fiscal e outros crimes). O sistema foi exposto a partir da colaboração de dois doleiros que movimentaram mais de US$ 1,6 bilhão em contas de três mil offshores em 52 países.

Entre os alvos da Operação Marakata (investigados no sistema de câmbio ilegal comandado por Messer) estão os sócios-administradores da Comércio de Pedras O S Ledo – Marcello Luiz Santos de Araujo e Daisy Balassa Tsezanas –, que trabalham comprando esmeraldas e outras pedras de garimpos na Bahia e as exportam para empresários indianos usando notas fiscais e invoices falsos.

Negociante de pedras preciosas e semipreciosas, a O S Ledo é investigada por ter status equiparado ao de doleiros que forneciam dólares no exterior para as operações de compensação paralela que vieram a público na Operação Câmbio, desligo. Os dólares provinham de pagamentos “por fora” com a exportação de esmeraldas e outras pedras para empresas, principalmente da Índia e de Hong Kong (como Golden Whell Impex, Gloria International Trading, Gemoro, Kge Rough Gems, Precious Gems, Akar Gems, Beads Paradise e Unique Gems). Parte dos valores era internalizado no país pelo sistema de dólar-cabo invertido e usado para pagamentos em reais, também “por fora”, aos garimpeiros e atravessadores com os quais a O S Ledo negociava as pedras no mercado nacional.

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