Lei que regulamenta o mountain bike em parques pode beneficiar o esporte em Petrópolis

17/03/2019 17:00

Durante o mês em que Petrópolis recebeu a mais bem organizada competição de mountain bike do Brasil, numa pista no Vale do Cuiabá, outra grata notícia poderá encher de alegria os apaixonados por esse esporte e também pelo ecoturismo. No dia sete deste mês, foi publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro a sanção do governador Wilson Witzel à Lei 8308/2019, que regulamenta a prática do ciclismo em trilhas nos parques estaduais do estado.

A lei, de autoria do deputado estadual Carlos Minc (PSB), cria o Programa Estadual de Incentivo ao ciclismo de montanha (o popular mountain bike) nos parques estaduais de todo o estado e nas trilhas localizadas em áreas públicas e entorno, como em encostas de montanhas. Na prática, o projeto regulamenta e cria condições para que empresas da iniciativa privada façam parte, capitalizando recursos para a manutenção desses espaços.

Henrique Avancini e um grupo de pilotos mapearam as trilhas existentes nos bairros de Petrópolis que favorecem o mountain bike. Foto: Divulgação

De acordo com o deputado, essa lei pretende estimular o crescimento dessa atividade saudável de forma organizada e segura, além, é claro, de estimular o ecoturismo e o aumento de visitantes nos parques. “Vamos ficar atentos para que os ciclistas busquem sempre a preservação ambiental, o respeito à sinalização e à manutenção das trilhas, disse o deputado.

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Esses circuitos não poderão estar dentro de áreas sujeitas a erosão, por exemplo, e onde residem comunidades quilombolas, caipiras, caiçaras e caboclas”, explicou Minc, que ouviu atentamente essa reivindicação de associação de ciclistas e pessoas envolvidas com o montanhismo.

No entanto, antes mesmo dessa lei virar uma realidade, Petrópolis se antecipou a esse movimento. No ano passado, o maior expoente do mountain bike brasileiro, o petropolitano Henrique Avancini, e mais um grupo de pilotos fizeram alguns levantamentos de trilhas e espaços por bairros do município que favoreçam a prática do esporte em áreas naturais do município.

Foi daí que surgiu a ideia de se montar uma pista no Vale do Cuiabá, que sediou no fim de semana passado a primeira etapa da Copa Internacional, evento classificatório para os rankings brasileiro e internacional.

A entrada da Pedra do Cortiço, no São Sebastião, ganhou uma placa com classificações de nível de dificuldade da trilha. Foto: Divulgação.

Com o crescimento das atividades nas montanhas e entorno, surgiu a necessidade de se implementar políticas que, ao mesmo tempo que tornam Petrópolis uma referência ao ecoturismo, evitam que estes espaços sejam depredados e, consequentemente, percam seu valor original. O Superintendente de Esportes, Leandro Kronemberger, explicou que antes mesmo da lei 8308/2019 ser criada, o Governo Municipal se mostrou interessado em explorar os esportes na natureza. Tanto é que, desde o início do governo, Hingo Hammes – ex-Superintendente e hoje vereador – se aproximou do Centro Excursionista Petropolitano (Cep) para trabalharem juntos o montanhismo, trekking e outras modalidades associadas.

“A parceria com o Cep fez surgir ideias e projetos que unem o esporte, a natureza e o turismo. Isso traz conquistas importantes e criamos espaços para que tudo seja explorado de forma racional”, disse Kronemberger, que elogiou o projeto de Carlos Minc e vê nisso uma forma de estimular cada vez mais os petropolitanos a frequentarem a natureza exuberante que existe em Petrópolis. Além disso, no escopo do projeto, Minc defendeu as parcerias público-privadas, pois financiará a criação de parques que preservarão o local, ao mesmo tempo criando estímulo à presença dos apaixonados pelo esporte na natureza.

A proposta do deputado Carlos Minc é estimular o ecoturismo e o aumento de visitantes nos parque da região. Foto: Divulgação

Em fevereiro deste ano, a entrada da Pedra do Cortiço, localizada no bairro São Sebastião, foi primeira a receber uma placa que classifica o nível de dificuldade do trajeto e o tempo estimado de duração. É a primeira experiência prática que se antecipou à lei do deputado carioca. A iniciativa proporciona a sinalização dos locais. É possível, ao final dessa trilha, observar com muita clareza a Baía da Guanabara e a Serra dos Órgãos. No planejamento da Superintendência de Esportes, os próximos locais a serem sinalizados são o Morro dos Palmares, em Araras, o Morro do Cuca, no Vale das Videiras, o Seio de Vênus, no Carangola e a Pedra do Retiro. Tudo isso feito em parceria com o Cep.

Pela nova lei, as associações representativas do ciclismo de montanha definirão, em conjunto com o Poder Público, os estudos necessários para a demarcação geográfica, sinalização, implantação e manutenção dos circuitos internos de trilhas para o ciclismo nos Parques Estaduais e encostas das montanhas do Estado do Rio de janeiro.

Segundo Minc, uma parceria entre as entidades esportivas já existentes e a direção do parque pode estabelecer as regras e condições de manejo. Inclusive, com o crescimento do esporte, empresas do ramo podem vir a se interessar por “adotar” algumas trilhas, empregando jovens esportistas para a sua manutenção.

Cidade se transforma em referência nacional no ciclismo de montanhas

O cicloturismo deverá ser impulsionado pelo excelente desempenho dos representantes petropolitanos no mountain bike. Mas a história desse esporte aqui começou ainda na década de 80, quando Luís Rodegheri se tornou a principal estrela da cidade nas competições intermunicipais. Outro que também se destacou foi Ricardo Macedo, o Cadinho, que participa atualmente de disputas na categoria veteranos, assim como Ruy Avancini, pai de Henrique Avancini e outro habilidoso ciclista de montanha local.

Nos anos 90, surgiu um nome que elevou a condição de Petrópolis como promissor berço de surgimento de pilotos. Afinal de contas, Albert Morgen começou a andar nas primeiras filas das provas de mountain bike pelo Brasil afora e também em eventos internacionais.

A sua fama chamou a atenção de cidades de Santa Catarina, que o contratavam para participar dos Jogos Abertos daquele estado. Sem dúvida, em termos nacionais, Morgen abriu caminho para o surgimento de Henrique Avancini, hoje o melhor do Brasil e terceiro do mundo, de acordo com o ranking da UCI.

Avancini, desde a sua infância, já mostrava seu talento crasso, que mudou o país de patamar no mountain bike. Campeão brasileiro diversas vezes, a sua evolução no esporte culminou na sua classificação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, sendo o brasileiro com melhor resultado em uma edição. Não satisfeito, ele ganhou provas e manteve o nível técnico, chegando a conquistar o Mundial no ano passado, passando a fazer parte do seleto grupo de bikers internacionais em altíssimo nível. Mais do que isso, na esteira de seu sucesso, outros pilotos mostram que podem chegar ao mesmo patamar de Henrique.

Wolfgang Soares, Larry Martins, Diego Knob e Giuliana Salvini Morgen são alguns dos autênticos representantes da competência petropolitana no mountain bike. Todos são classificados no ranking brasileiro. Entre eles, Giuliana tem chamado a atenção pela sequência vitoriosa, a ponto de ter ganhado o convite para integrar a poderosa equipe Sense, que tem entre os pilotos Jaqueline Mourão, hoje a melhor brasileira da modalidade.

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