Líder do FMI diz ver espaço para um corte de juros do Fed em 2024, seguido de outros em 2025
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, afirmou nesta quinta-feira que a organização ainda vê espaço para um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em 2024, seguido de outras reduções nas taxas em 2025. A declaração foi feita em coletiva de imprensa, que seguiu a publicação da revisão do órgão para a economia dos Estados Unidos. No documento, a orientação é de que o banco central dos EUA deve esperar pelo menos final de 2024 para reduzir taxa de juros.
“Nossa expectativa para inflação é um pouco mais otimista que a do Fed, especialmente pelo que vimos da trajetória”, afirmou a dirigente. “Esperamos o PCE dos EUA de 2,4% em 2024, e que chegue à meta na metade de 2025”, apontou a diretora. Por sua vez, a revisão apontou que existem riscos importantes para as perspectivas. “Mesmo com a expansão considerável da oferta de trabalho, o crescimento dos salários nominais permanece relativamente elevado, o que poderá impedir o esperado abrandamento da inflação dos serviços. Uma escalada das tensões geopolíticas poderia aumentar os custos energéticos, que seriam subsequentemente repercutidos nos salários e na inflação subjacente, ponderou.
Georgieva afirmou que o Fundo avalia que é bom momento para governo dos EUA lidar com questão fiscal, já que a economia forte do momento no país facilita ações menos populares, já que o governo deve melhorar a qualidade dos gastos, e reduzi-los em algumas áreas. O estudo apontou que a atividade e o emprego dos EUA continuam ultrapassando expectativas.
Segundo a revisão, o déficit dos EUA é muito grande, criando uma trajetória de alta sustentada da relação entre a dívida pública e o PIB. “Há uma necessidade premente de inverter este aumento contínuo. O déficit fiscal e a dívida das administrações públicas em porcentagem do PIB deverão permanecer bem acima das previsões pré-pandemia no médio prazo”, afirmou o FMI.
Um tema importante no relatório e na coletiva de imprensa de Georgieva foi o dos riscos da aplicação de uma série de tarifas pelo governo americano. Sem citar diretamente a China, a dirigente afirmou que algumas questões seriam melhor resolvidas com diálogo entre os parceiros. Já a revisão apontou que o tema é um risco crescente tanto para a economia dos Estados Unidos quanto para a global.