Líder do governo sobre Bolsonaro se recusar a passar faixa: ‘Não seria inédito’

28/07/2022 18:51
Por Eduardo Gayer e Gustavo Porto / Estadão

A possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro (PL) se recusar a passar a faixa presidencial a outro político, caso derrotado nas eleições deste ano, não seria um fato inédito, afirmou em entrevista ao Papo com Editor, do Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ). O parlamentar, no entanto, minimizou as chances de um episódio como esse acontecer, porque acredita na reeleição de Bolsonaro e garantiu que quem vencer a disputa presidencial será empossado. “Não tenho a menor dúvida disso”.

Na semana passada, o presidente da República evitou se comprometer com ritos democráticos e responder se passaria a faixa presidencial caso derrotado nas eleições. “Você está doida para eu responder que não, né?”, disse Bolsonaro, em tom de ironia, a uma jornalista. O líder nas pesquisas de intenção de voto na disputa pelo Palácio do Planalto, neste momento, é o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta quarta, 27, o presidente foi novamente questionado se aceitaria passar a faixa presidencial, mas silenciou.

“A chance é uma hipótese remota, ele passar a faixa para outro presidente, pelo fato de que, acredito, ele será reeleito. Mas também acho que esse não seria o único episódio na história do nosso país, de um presidente não passou a faixa para o outro. Aliás, eu que venho do esporte, muitas vezes vi equipe vice-campeã se recusar a estar no palco da campeã. Não é como eu penso, acho que a gente tem que aceitar os resultados válidos, mas também não seria inédito”, declarou Portinho.

O senador não citou os episódios. Mas em 1985, o último presidente da ditadura militar, João Figueiredo, não passou a faixa presidencial para José Sarney, que assumiu o comando do País após a morte de Tancredo Neves, eleito pelo colégio de líderes. Admirado por Bolsonaro, o ex-presidente americano Donald Trump também não compareceu à posse do sucessor, o atual presidente Joe Biden.

“É uma eleição muito polarizada, polarizada, no sentido extremo mesmo, direita contra esquerda, passado contra presente, então às vezes as emoções ficam um pouco afloradas e acho que isso é a conduta pessoal de cada um. Não seria fato inédito na nossa história”, seguiu Portinho.

Na entrevista ao Papo com Editor, o líder do governo no Senado ainda afirmou que Bolsonaro vocaliza críticas da sociedade ao fazer ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Há certa insatisfação coletiva na nossa sociedade com a atuação do STF. Não é exclusividade do presidente”.

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