Ligação Bingen-Quitandinha: agora são 81 anos de espera e quantos mais?

25/01/2022 13:07
Por Vinícius Ferreira

Os primeiros relatos públicos de solicitação por uma ligação entre os bairros Bingen e Quitandinha, no sentido Bingen-Quitandinha, datam de 1941. Ou seja, lá se vão 81 anos de espera. A promessa era de que a construção da Nova Subida da Serra de Petrópolis, executada pela Concer (concessionária que administra a BR-040, no trecho Rio-Juiz de Fora), solucionaria o problema. Não solucionou. A obra de R$ 1,42 bilhão, segundo o Tribunal de Contas da União, que contava com dinheiro do BNDES, parou e, no ano passado, a gestão interina tentou encontrar uma solução, mas a tentativa parou pela metade.

A alternativa, proposta no fim do ano passado, é a adaptação do bairro Amazonas – que em dezembro começou a receber asfaltamento, trabalho de capina, pavimentação e drenagem – e um pedido do município, junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, à Polícia Rodoviária Federal – PRF e ao Ministério da Infraestrutura para que a Prefeitura assumisse a administração do trecho da rodovia federal onde funcionaria a ligação entre os bairros.

Com a mudança na gestão do governo municipal no fim do ano passado, nem o termo de cooperação entre o município e órgãos federais e nem a fase de testes aconteceram.
Foto: Vinícius Ferreira

Depois de muitas articulações políticas e idas a Brasília-DF, do então prefeito interino, ficou acordado que, em dezembro, seria assinado um termo de cooperação entre o município e os órgãos federais e que, já agora em janeiro, começaria a fase de testes da nova rota. Mas, com a mudança na gestão do governo municipal no fim do ano passado, nem o termo e nem a fase de testes aconteceram.

A reportagem da Tribuna questionou a Prefeitura sobre o andamento do processo de realização da assinatura do termo de cooperação e do início da fase de testes da nova rota. Além disso, questionou ainda sobre o andamento das obras de melhoria no bairro Amazonas, iniciadas em dezembro. Mas até a publicação não obtivemos resposta.

Como está o processo

O município já conta com o nada a opor por parte do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e também do diretor geral do DNIT, Antônio Leite dos Santos Filho, além do posicionamento favorável do presidente da ANTT, Rafael Vitale. Além disso, a municipalização foi autorizada pela Câmara Municipal de Petrópolis, em votação unânime realizada no ano passado, municipalizando o trecho, o que permite que o município execute obras para viabilizar a ligação Bingen-Quitandinha mais rapidamente, sem, no entanto, interferir no projeto maior, a ser executado pela concessionária que assumir a estrada, no novo processo de concessão, que está previsto para ser realizado neste ano.

Impacto sobre o trânsito e mobilidade urbana

No ano passado, a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes – CPTrans chegou a informar que a expectativa é de que a rota entre os bairros receberá, caso saia do papel, diariamente cerca de 1.200 veículos. Veículos que deixarão de seguir para o centro da cidade. Uma alternativa que, segundo a CPTrans, tinha o objetivo de reduzir os congestionamentos em trechos críticos como os da altura do Hospital Santa Teresa, Na Rua Paulo Hervê, no Bingen, e da Rua Coronel Veiga, além de reduzir também o número de acidentes, já que estes estão entre os trechos mais perigosos da cidade.

Funcionamento da ligação Bingen-Quitandinha

No projeto anunciado no ano passado, as ruas do bairro Amazonas por onde passaria a rota, como a rua Bahia, Vassouras, passariam a funcionar em sentido único, em direção ao Parque São Vicente. Os motoristas que saem do Bingen, pelo acesso no KM 80, deveriam tomar a pista de retorno à esquerda, logo após o viaduto. Esse acesso, que atualmente serve para quem deseja retornar para a pista sentido Rio de Janeiro, passaria a dar início a um trecho de pouco mais de um quilômetro em que os carros seguiriam (inclusive dentro do Túnel) em direção ao acesso ao bairro Amazonas.

Na saída do bairro seria construída ainda, a pedido da PRF, uma faixa de aceleração para que os veículos que saíssem do Parque São Vicente acessassem a rodovia federal de forma paralela à pista, tornando esse acesso mais seguro do que o ocorre atualmente. No trecho entre o retorno, o túnel e o acesso ao bairro Amazonas, uma das faixas seria isolada por barreiras das outras duas, para que a operação ocorresse no sentido oposto da rodovia, na pista sentido Juiz de Fora.

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